Título: Remédio contra a crise tucana
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 25/05/2011, Política, p. 5

A três dias da sua convenção nacional e sem um acordo em torno da ocupação dos postos-chaves no comando partidário, o PSDB começa a buscar uma solução: a Vice-Presidência do partido para o ex-vice-governador de São Paulo Alberto Goldman, um dos maiores aliados do ex-candidato à Presidência da República José Serra; e a Secretaria Executiva do Conselho Político tucano, que ficaria com Serra.

O grupo ligado a José Serra, entretanto, ainda não disse sim ou não. Nos últimos dias, essa ala centrou fogo na defesa do nome de Serra para ocupar a Presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV), um cargo de visibilidade que os senadores, capitaneados por Aécio Neves (PSDB-MG), já ofereceram ao ex-senador e ex-presidente do partido Tasso Jereissati (CE).

Tasso esteve em Brasília na semana passada e aceitou a indicação. ¿É com muita alegria que recebi o convite dos meus colegas para assumir essa missão. Há muitos pontos que precisamos revisar do nosso programa¿, disse Tasso, naquele dia, com ares de quem já estava eleito. Diante da reunião com Tasso, realizada na última quarta-feira no gabinete de Aécio no Senado, com a presença de nove dos 10 senadores do partido, a maioria da bancada considera que seria constrangedor desfazer o convite ao político cearense para entregar o cargo a Serra. Afinal, o próprio Serra ainda não disse que gostaria de ocupar a Presidência do instituto. Ao contrário. Quando foi sondado, teria dito que não havia interesse.

Sem muito espaço para garantir Serra no ITV, os tucanos agora buscam uma saída honrosa e algum holofote para o seu ex-candidato a presidente, mas que não seja um lugar onde possa fazer sombra ao deputado Sérgio Guerra (PE), que deve ser reeleito para o comando da sigla. A ideia que surgiu ontem no comando partidário foi entregar a Serra a Secretaria Executiva do Conselho Político, que teria o papel de formular os temas em debate no colegiado.

Ação tardia Nas conversas internas, muitos avaliam que o grupo de Serra acordou tarde para ocupar os espaços partidários. Afinal, ao mesmo tempo em que o grupo de Aécio Neves com os demais estados fechou questão em torno da reeleição de Sérgio Guerra, foi definido que a Secretaria-Geral continuaria com o deputado Rodrigo de Castro, do PSDB de Minas Gerais. Daí o fato de deixar a Vice-Presidência com São Paulo, de forma a contentar o grupo de Serra e dar ao ex-presidenciável um status diferenciado dentro do conselho político tucano.

Como presidente do partido e candidato à reeleição, Sérgio Guerra tem trabalhado para equilibrar o prestígio de paulistas e mineiros dentro da sigla. Mas ainda não conseguiu seu intento, uma vez que no PSDB paulista há uma divisão entre serristas e alckministas ainda não foi resolvida. A expectativa é de que os tucanos, se fecharem algum acordo, só o farão na sexta-feira, na véspera da convenção, que será realizada em Brasília.