Título: Rombo de US$ 18,1 bi
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2011, Economia, p. 17

O rombo nas contas externas do país chegou a US$ 18,1 bilhões no acumulado dos primeiros quatro meses do ano, montante 9,3% maior do que o registrado em igual período de 2010. Em abril, o deficit foi de US$ 3,4 bilhões e surpreendeu positivamente o mercado, que esperava algo em torno de US$ 4,7 bilhões. O resultado melhor do que o previsto, segundo especialistas, deveu-se a uma menor quantidade de remessas de lucros e dividendos ao exterior por empresas multinacionais com atuação no país.

Mas, ainda que o ritmo de expansão do deficit tenha moderado, o Banco Central estima que, no fim do ano, o buraco nas contas externas chegará a US$ 60 bilhões, o maior valor já registrado pela autoridade monetária.

Não fosse a forte atração que o Brasil tem exercido sobre investidores estrangeiros, que, apenas de janeiro a abril, despejaram US$ 22,9 bilhões no setor produtivo nacional, o país estaria enfrentando dificuldades para financiar seu desenvolvimento, além de uma forte valorização do real devido à escassez de dólares na economia. Entretanto, o cenário é de bonança. Além dos bilhões em investimento direto, o país recebeu do exterior, neste ano, mais US$ 8,6 bilhões em aplicações em títulos de renda fixa e em bolsa de valores.

Para Bruno Lavieri, analista da Consultoria Tendências, o Brasil não tem com o que se preocupar por enquanto, pois todo o rombo nas contas externas está coberto por investimentos estrangeiros. ¿O deficit está acelerando, mas não é necessariamente um problema. Ele está de acordo com o modelo adotado no Brasil, de crescer baseado em poupança externa, já que não temos recursos internos suficientes para bancar nosso desenvolvimento¿, explicou. (VM)