Título: Brasil quer disputa pelo FMI
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2011, Economia, p. 18

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu o surgimento de várias candidaturas para a vaga deixada pelo ex-ministro da França, Domique Strauss-Kahn, no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI). ¿É bom que tenha mais de um candidato porque, assim, haverá uma verdadeira disputa e não será algo que seja feito entre quatro paredes, mas que seja discutido abertamente¿, afirmou.

Ontem, a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, anunciou formalmente sua candidatura para ocupar o cargo de Strauss-Kahn, que está preso sob a acusação de tentativa de estupro. O anúncio ocorreu às vésperas de uma cúpula do G-8 (sete países mais industrializados e a Rússia) e depois de garantir apoio da União Europeia e, segundo diplomatas, dos Estados Unidos e da China. O secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse ontem que Christine e o presidente do Banco Central mexicano, Agustín Carstens, são candidatos ¿críveis¿ para chefiar o FMI, mas ele quer alguém que consiga o maior apoio entre os países.

Apoio Mantega informou que Carstens já pediu apoio do Brasil ao seu nome. ¿Ele me ligou ontem e virá aqui na próxima semana¿, disse. Ele destacou que a escolha brasileira será mais pelas propostas do que pela nacionalidade do futuro dirigente, como ressaltou o comunicado conjunto dos Brics (grupo dos países emergentes de crescimento acelerado integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), segundo o qual a escolha da chefia do FMI deve ser baseada em competência e não em nacionalidade. O comunicado pediu ¿abandono da obsoleta convenção não escrita que requer que o chefe do FMI seja necessariamente da Europa¿.

¿O mais importante para nós, mais do que nomes, claro que de pessoas com experiência, consistentes, são os compromissos que o candidato vai assumir em relação à atual agenda do Fundo Monetário. Ele tem que ter um compromisso com a continuação desse processo de reformas, de reestruturação, que está em curso e dar maior espaço para os países emergentes¿, afirmou Mantega. O Brasil vai sugerir que o novo diretor-gerente do FMI apenas complete o mandato de Strauss-Kahn, que terminaria no fim de 2012.