Título: Discurso afinado na Líbia
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2011, Mundo, p. 22

Nos dois momentos em que falou aos britânicos, Barack Obama defendeu a intervenção militar ocidental na Líbia e voltou a exigir a saída do ditador Muamar Kadafi. Na coletiva de imprensa ao lado do premiê David Cameron, o presidente americano disse que não aliviaria a pressão contra o regime líbio. Mais tarde, no discurso para as duas Câmaras do Parlamento, ele disse que seu país e o anfitrião continuarão a ¿proteger os civis da sombra da tirania¿.

Na entrevista conjunta, Obama reiterou que o avanço das ações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) terá como resultado a derrubada de Kadafi, mas reconheceu que os ataques aéreos tiveram até aqui um impacto ¿limitado¿. ¿Quando você exclui o recurso às forças terrestres, você enfrenta os limites inerentes às operações aéreas¿, explicou o visitante, acrescentando que a oposição líbia deve ¿assumir a responsabilidade¿ pela saída do ditador.

Diante dos parlamentares, Obama insistiu na necessidade de ¿defender os civis líbios¿, missão para a qual a coalizão recebeu mandato das Nações Unidas. ¿Precisamos impedir os ataques contra civis. Sempre acreditamos que o futuro de nossos filhos e netos só será bom se o futuro dos netos e filhos dos outros também for. Se abrirmos mão dessa responsabilidade, quem nos sucederá e que tipo de futuro teremos? Por isso, nossa liderança é fundamental¿, acrescentou.

EUA, Reino Unido e França conduzem os ataques aéreos desde 19 de março, depois que o Conselho de Segurança da ONU autorizou ¿todas as medidas necessárias¿ para proteger a população líbia. Os três governos prometem manter a campanha até o ditador deixar o poder.

Ontem, Trípoli foi mais uma vez alvo de intensos bombardeios da aliança ocidental. Oito fortes explosões abalaram o setor de Bab Al-Aziziya, complexo residencial de Kadafi, frequente alvo de ataques. Em um deles, em 30 de abril, o filho de Kadafi Saif Al-Arab, de 29 anos, e três netos do ditador teriam sido mortos, segundo o governo líbio. Ontem, porém, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, negou as mortes, cujo anúncio seria uma medida de ¿propaganda¿ ¿ Saif Al-Arab estaria vivendo for a do país.