Título: Entrave à expansão
Autor: Alves, Renato
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2011, Cidades, p. 27

Na avaliação do diretor náutico da Agência de Turismo Receptivo de Brasília (Abare), Edimilson Figueiredo, o setor, que já não é forte na economia local, sofreu mais um revés com a tragédia. ¿Para sair dessa, será necessário o governo investir em infraestrutura e a mídia mostrar que existem muitas empresas sérias no mercado¿, afirma o empresário, que teve oito passeios cancelados desde o naufrágio do Imagination, a maioria envolvendo passeios ecológicos e culturais com escolas.

No DF, 14 empresas fazem turismo náutico, de acordo com a Abare. Figueiredo acredita que a atividade é subaproveitada, ainda tendo muito espaço para crescer. Segundo o diretor, os empresários têm condição de transportar 750 pessoas ao mesmo tempo. ¿Com seis passeios diários de duas horas, seria possível transportar 90 mil pessoas por mês¿, calcula.

Os argumentos a favor da segurança da embarcação onde ocorreria a festa do marido não foram suficientes para convencer a enfermeira Ana Maria Cavalini, 54 anos, de que não haveria problemas em fazer uma confraternização-surpresa para o homem com quem vive há 10 anos. Todos os convidados tinham sido chamados para o evento, que ocorreria amanhã. ¿Mas aí ligou um casal amigo mostrando que até iria, só que tenso. Depois, outros telefonaram para dizer que não sabiam nadar. E aí minha enteada falou que ia, mas não levaria a neta dele (do marido). Acabei desistindo¿, conta Ana Maria.

Outro grupo que deve demorar a pisar em barcos novamente são os funcionários e diplomatas da Embaixada Americana em Brasília. Um grupo de 75 pessoas que trabalham na representação diplomática fez uma confraternização no Imagination no último dia 20, dois dias antes do naufrágio. ¿Ninguém notou nada que pudesse dizer que o barco estava comprometido¿, afirma uma pessoa que esteve na festa e não quis se identificar. A organização da festa não envolveu oficialmente a embaixada. (MP)