Título: Emprego formal cresce 6,8%
Autor: Branco, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 26/05/2011, Cidades, p. 38

A formalização está em alta no Distrito Federal. É o que revela a Pesquisa Emprego e Desemprego no DF (PED-DF) relativa a abril. O levantamento mostrou que no mês passado as contratações sob o regime da carteira assinada ultrapassaram em 32 mil pessoas o número de celetistas existentes em igual período de 2010. O aumento no contingente foi de 472 mil para 504 mil pessoas, acréscimo de 6,8%. Na comparação mensal, o emprego formal também cresceu, com criação de 2 mil vagas frente a março, o que significa um incremento de 0,4% frente àquele mês. A PED-DF é realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan), que passou a integrar a equipe de estudo em março deste ano.

Levando-se em conta todas as variáveis que influem no resultado da PED ¿ além das contratações formais, a pesquisa engloba assalariados que trabalham sem carteira e autônomos ¿ o saldo da ocupação em abril deste ano frente ao mesmo mês de 2010 ficou em 10 mil vagas extras, um crescimento modesto de 0,8%. O dado cheio confirma que há um movimento de formalização, uma vez que foram suprimidos mil postos sem carteira e o número de autônomos caiu em 27 mil nos últimos 12 meses. Excluídas essas duas outras formas de inserção no mercado, quase todos os novos contratos firmados no DF entre patrões e empregados foram formais. A taxa de desemprego caiu de 14,2% para 13,6% neste intervalo de tempo.

Apesar dos dados positivos na comparação anual, a taxa de desemprego passou de 13,4% para 13,6% entre março e abril deste ano, quando 5 mil pessoas engrossaram o contingente de desesocupados. Clóvis Scherer, supervisor do escritório do Dieese no DF, afirma que o comportamento é típico desta época do ano. ¿É a sazonalidade. Com a retomada da ocupação na construção civil, no comércio e na administração pública, a taxa de desemprego deve normalizar-se e voltar a cair¿, declarou.

Scherer destacou que a construção e o comércio costumam sofrer baixas na ocupação no início de ano. A construção, em razão das chuvas; e o comércio, devido ao fim do aquecimento causado pela virada de ano. A administração pública passou por uma renovação dos quadros, nos âmbitos distrital e federal.

O economista Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Codeplan, avalia que, além das chuvas de início de ano, a crise política instaurada no DF em 2010 paralisou boa parte das obras públicas. Assim, a construção civil, que teve retração de 4 mil postos na comparação com abril do ano passado, frente a março de 2011 deu sinais de recuperação, criando 3 mil vagas. A administração pública também ganhou impulso, com 2 mil vagas adicionais no quarto mês do ano face ao terceiro. A ocupação no comércio foi a única a prosseguir em baixa na comparação mensal, com decréscimo de 2 mil postos (veja quadro).

Oportunidades O operador de caixa Guilherme Souza Ribeiro, 18 anos, é um beneficiados pela criação de postos formais registrados pela PED. A boa maré lhe rendeu dois empregos em menos de um ano. Há oito meses, o jovem conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada em um supermercado. Há cerca de um mês, achou que fosse ser obrigado a voltar para Goiânia, sua cidade de origem, em razão de um problema familiar e pediu demissão. No entanto, acabou ficando e foi em busca de outra ocupação. Acaba de ser contratado por uma padaria em caráter de experiência. ¿Ainda bem que não passei muito tempo desempregado. Acho que devo meu emprego primeiro à oportunidade, pois o mercado podia estar ruim, e em segundo lugar ao fato de eu ter um pouco de experiência¿, comenta

Além da evolução do emprego, a PED, realizada no DF e em mais seis regiões, mede o rendimento médio real dos trabalhadores. Na capital federal, a renda dos ocupados, que em março deste ano ficou em R$ 2.003, cresceu 1,3% na comparação com março de 2010, mas caiu 2,6% frente a fevereiro deste ano.

Perfil do mercado Em 14 e 15 de julho, a Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan), em parceria com a Secretaria de Trabalho, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e o Conselho Regional de Economia (Corecon) realizará o seminário Perfil do mercado de trabalho no Distrito Federal e sua região metropolitana. A intenção é, a partir de dados sobre a dinâmica dos empregos no DF, discutir políticas públicas para incentivar a criação de vagas. Entidades patronais e sindicatos serão chamados a participar dos dois dias de debate. O evento deve ser realizado no auditório da Procuradoria-Geral do DF.

Índices Taxa de desemprego Abril de 2010 - 14,2% Março de 2011 - 13,4% Abril de 2011 - 13,6%