Título: Ele só anota os pedidos
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2011, Política, p. 2

Há alguns dias, o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio (foto), foi chamado na sala do colega da Casa Civil, Antônio Palocci. Saiu de lá com uma lista de ligações de políticos que Palocci havia recebido e pediu que ele retornasse alguns telefonemas para ganhar tempo. Luiz Sérgio ligou para vários, perguntando o assunto a tratar. Vários parlamentares disseram que não era nada, e depois ligariam novamente para Palocci. ¿Dizer o que para o garçom?¿, comentou um senador na conversa com Lula, na presença inclusive de outros colegas.

¿Garçom¿ é o apelido de Luiz Sérgio entre seus colegas de Congresso ¿ sem nenhum demérito à profissão, mas os parlamentares consideram que Luiz Sérgio é ¿aquele que só anota os pedidos¿. Por isso, todos querem falar apenas com Palocci, visto como ¿aquele que resolve¿. Luiz Sérgio é considerado como um ¿boa praça¿, um ¿cara do bem¿, mas sem poder. A função que exerce é concebida como ingrata, uma vez que o Ministério de Relações Institucionais não tem poder de mando sobre outras pastas. E para completar, o perfil de Luiz Sérgio não ajuda. Ele não é considerado um ¿formulador¿ de estratégia política e, segundo os deputados e senadores do próprio PT, não tem o charme de alguns antecessores, como José Múcio Monteiro e Jaques Wagner, que, no governo Lula, atendiam os colegas com um entusiasmo contagiante.

O atual ministro é ligado ao grupo de José Dirceu e foi guindado ao posto para agradar à ala comandada pelo ex-ministro da Casa Civil e, ao mesmo tempo, dar um espaço à bancada do Rio de Janeiro. Mas hoje, tanto o grupo de Dirceu quanto os cariocas dizem que, se for para ficar no governo, Luiz Sérgio precisa ter um pouco mais de autonomia ¿ a reclamação, aliás, foi a mesma de todos que passaram pelo cargo. (DR)