Título: Dilma com os senadores do PT
Autor: Rothenburg, Denise ; Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2011, Política, p. 2

Depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passar por Brasília com a missão de reconstruir a ponte entre o Palácio do Planalto e a base aliada, foi a vez de a presidente Dilma Rousseff pegar o bastão da coordenação política do governo. No almoço oferecido ontem aos senadores petistas no Palácio da Alvorada, com a presença dos ministros da Casa Civil, Antônio Palocci, e de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, ela cobrou equilíbrio da base aliada para votação do Código Florestal e foi direta quando se referiu à emenda que permite aos estados cuidarem das áreas consolidadas, ou seja, aquelas que deveriam ser preservadas, mas foram devastadas. ¿O Congresso precisa refletir melhor e tratar deste tema com cuidado. Se houver anistia ao desmatamento, parece uma imagem de descaso do Brasil com a questão ambiental¿, disse Dilma aos senadores, segundo relato de alguns dos presentes.

A presidente aproveitou para citar o caso de 2004, quando houve a onda do etanol e o receio externo que o Brasil se tornasse uma grande fazenda produtora de cana-de-açúcar para produção de álcool combustível. Dilma avalia que o Brasil tem de ser capaz de combinar a condição de grande potência agrícola com a proteção ambiental. Ela ressaltou que tem a prerrogativa do veto, mas que a Câmara ainda poderá derrubá-lo. ¿Se eu julgar que qualquer coisa prejudica o país, eu vetarei. A Câmara pode derrubar o veto, não é? Você tem ainda as instâncias judiciais. O governo tem uma posição e espero que a base siga essa posição. Não tem dois governos, tem um governo¿, salientou.

Explicações Na reunião com os senadores, Dilma não foi a única a ficar com a palavra. Ela ouviu deles que é preciso uma integração maior. O ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, aproveitou para antecipar aos parlamentares as informações que prestará ao Ministério Público, a respeito da sua empresa, a Projeto, que obteve um faturamento de R$ 20 milhões em 2010. ¿Trabalhei dentro da lei e da ética. Tudo o que fiz está na minha declaração de renda¿, disse Palocci, referindo-se às denúncias como um ¿desejo de terceiro turno¿ dos oposicionistas. ¿Ele está dando todas as explicações aos órgãos competentes e tudo está esclarecido¿, comentou o líder do PT, Humberto Costa.

Palocci disse aos senadores que era ¿bem pago, sim¿, pelas consultorias que prestou. E foi enfático ao afirmar está dando todos os esclarecimentos necessários, mas afirmou que não via razão para ir ao Congresso dar explicações. Na avaliação de Palocci, quem acusa é que tem que provar que houve ilegalidade. ¿Não há nada que diga que Palocci cometeu um crime. Portanto, nós estamos satisfeitos com as explicações que ele nos deu¿, afirmou o senador Wellington Dias (PT-PI). Na semana que vem, Dilma terá um almoço com a bancada do PMDB, onde o cardápio político será o mesmo: as explicações de Palocci e o Código Florestal.