Título: Dilma sai em defesa de Palocci
Autor: Iunes, Ivan ; Kléber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2011, Política, p. 4

O Palácio do Planalto decidiu diminuir o distanciamento em relação à base aliada no Congresso com o objetivo de amenizar os efeitos das denúncias contra o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci. O ministro aproveitou o almoço de ontem da bancada de senadores petistas com a presidente, Dilma Rousseff, para negar as denúncias sobre a sua evolução patrimonial no período em que atuava como consultor, entre 2006 e 2010. Palocci antecipou aos ministros a defesa que entregará à Procuradoria-Geral da República. A própria presidente saiu pela primeira vez em público para defender o ministro.

Após participar de cerimônia no Salão Nobre no Palácio do Planalto sobre a construção de quadras e creches, Dilma fez questão de marcar posição em relação ao caso. Disse que Palocci, seu principal ministro, ¿está dando todas as explicações necessárias para os órgãos de controle¿ e que o tema não deve ser politizado pela oposição. ¿Como foi o caso, lastimável, do que ocorreu ontem com a questão da devolução dos impostos da empresa WTorre. A Fazenda demorou cerca de dois anos e a Justiça determinou o pagamento da restituição devida à empresa¿, disse. Anteontem, parlamentares do PSDB divulgaram a restituição de Imposto de Renda, que consideraram em tempo recorde, de R$ 9,1 milhões à WTorre. A denúncia foi feita pelo deputado federal Fernando Francischinni (PSDB-PR). A Receita alega que a devolução foi necessária por decisão judicial.

Esclarecimento A presidente ainda reiterou que o ministro prestará os esclarecimentos necessários aos órgãos de controle. ¿Não se trata, de maneira alguma, de manipulação. Lamento que um caso desse tipo esteja sendo politizado. Quero reiterar que o ministro Palocci dará todas as explicações para os órgãos de controle, inclusive para o Ministério Público¿, finalizou Dilma.

O episódio envolvendo a devolução de imposto à WTorre provocou uma guerra entre tucanos e petistas no Congresso. Aos senadores, o ministro atribuiu à oposição o vazamento de informações sigilosas de sua empresa, a Projeto. De acordo com as denúncias, o ministro multiplicou por 20 seu patrimônio entre 2006 e 2010 e teria faturado R$ 20 milhões somente no ano passado, como consultor.

Até o momento, os partidos de oposição ainda patinam para recolher as assinaturas necessárias para a abertura de uma investigação contra Palocci no Congresso Nacional. As legendas oposicionistas conseguiram reunir o apoio de 100 deputados e 20 senadores para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Regimentalmente, o colegiado só é formado com as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores.