Título: Jovem lidera desocupação
Autor: Martins, Victor ; Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 27/05/2011, Economia, p. 8

Embora a taxa de desemprego tenha chegado em abril a 6,4%, o menor patamar para o mês desde 2002, os dados não são nada animadores para os jovens. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desocupação entre as pessoas de 15 a 24 anos passou de 14,4% para 15%, mais que o dobro da média nacional. Em Salvador (BA), o índice chega a 20,8% e, em São Paulo, a 16,7%

Mas os problemas não são apenas aqui. Na Espanha, os jovens são os protagonistas de protestos contra a crise econômica. Lá, enquanto a taxa de desemprego é de 21,3%, entre os jovens o índice chega à casa dos 45%. Na avaliação de especialistas, no Brasil, os números revelam a falta de profissionais capacitados. ¿Eles querem entrar nas empresas, mas não têm a qualificação específica¿, constatou a analista do IBGE Adriana Belinguy. Para o professor de economia do curso de administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing

(ESPM-SP), José Eduardo Balian, o aumento na perspectiva de vida do brasileiro também fecha vagas para quem tem menos de 24 anos. ¿As pessoas estão vivendo mais e se aposentando mais tarde. Com isso, há menos oportunidades abertas¿, explicou.

Na visão de José Cláudio Securato, diretor da Saint Paul Escola de Negócios ¿ 58ª melhor instituição educacional do mundo especializada em negócios, segundo o Financial Times ¿, embora o nível de instrução dos jovens tenha aumentado ao longo dos últimos 10 anos, o mercado está cada vez mais competitivo. ¿O profissional deve ser completo. Ele precisa não só de diploma, mas de conhecimentos complementares, como de línguas e informática¿, afirmou.

Balian observou que os profissionais em falta são, principalmente, os técnicos, em áreas como mecânica e construção civil. ¿Governos federais e estaduais desenvolvem programas para qualificar essa mão de obra, mas esse é um processo lento, que não dá resultados a curto prazo¿, disse. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu que qualificação é um problema, mas afirmou que está trabalhando para resolvê-lo. Ainda assim, ele celebrou o número de jovens empregados. ¿Quase todo ano há 1 milhão de jovens entrando no mercado¿, ressaltou. (MM)