Título: PGR recebe explicações de Palocci
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2011, Política, p. 8

EXECUTIVO

O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, entregou ontem à Procuradoria-Geral da República as explicações sobre sua evolução patrimonial no período em que era deputado federal (2006-2010) e atuava como consultor. Os documentos serão analisados pelo procurador-geral, Roberto Gurgel, e se referem a pedidos de investigação solicitados por partidos de oposição. As legendas contestam a multiplicação por 20 do patrimônio do ministro, que seria incompatível com seus vencimentos como parlamentar. À PGR, os partidos pediram que se apure quais eram os clientes da Projeto Consultoria, empresa de Palocci, e quais foram os serviços prestados.

A suspeita sobre a evolução dos bens de Palocci cresceu depois que ele comprou um apartamento em São Paulo avaliado em R$ 6,6 milhões. Segundo a PGR, Gurgel não terá prazo para emitir um pronunciamento sobre o caso. Após analisar a documentação entregue pelo ministro, o órgão pode pedir novas explicações, arquivar o processo ou solicitar a abertura de processo, caso existam indícios de irregularidades. De acordo com matéria publicada pela Folha de S. Paulo, a empresa de Palocci teria faturado R$ 20 milhões somente em 2010, quando coordenou e funcionou como um arrecadador da campanha da então candidata à Presidência Dilma Rousseff. Em um primeiro momento, Gurgel declarou, na semana passada, que não via elementos suficientes para a abertura de inquérito contra o ministro.

Além da PGR, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) anunciou ontem que instaurou investigação para apurar se Palocci enriqueceu de forma ilícita. ¿Embora a imprensa tenha notificado expressivo crescimento patrimonial do representado, não foram apresentadas publicamente justificativas que permitam aferir a compatibilidade dos serviços prestados pela empresa Projeto com os vultosos valores recebidos¿, justificou o órgão em nota.

Para dar início à investigação, o órgão solicitou à Projeto documentos referentes à escrituração contábil, contratos de prestação de serviços e seus respectivos aditivos, além de comprovantes de serviços prestados e memórias de reuniões, entre outros. A empresa tem 15 dias para responder.

Ontem, o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que a abertura da investigação pode turbinar a coleta de assinaturas para a abertura de uma comissão parlamentar mista de inquérito contra o ministro. Até o momento, a oposição conseguiu recolher 18 firmas e ainda conta com o apoio de Itamar Franco (PPS-MG), que está internado para tratar de uma leucemia. Na Câmara, onde são necessárias 171 assinaturas, a oposição nem sequer chegou a 100.