Título: Ajuda bilionária dos países ricos
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Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2011, Mundo, p. 27

Revolta no Oriente Médio

No último dia de reunião em Deauville, na França, os líderes do G-8 (os países mais industrializados do mundo e a Rússia) prometeram ontem um pacote financeiro de US$ 40 bilhões para impulsionar a ¿primavera da democracia¿ nos países árabes. Mas o dia não foi só de benesses. Os chefes de governo e de Estado cobraram a saída do ditador líbio, Muamar Kadafi, e instaram a Síria a ¿cessar¿ o uso da força contra os manifestantes.

O presidente Nicolas Sarkozy, anfitrião do encontro, explicou à imprensa que a ajuda irá para Tunísia e Egito, que depuseram este ano seus regimes autoritários e iniciam uma tortuosa transição política. Ele afirmou ainda que, do total previsto, US$ 20 bilhões virão de organismos multilaterais (exceto o Fundo Monetário Internacional), US$ 10 bilhões correspondem a compromissos bilaterais e US$ 10 bilhões serão doados pelos países do Golfo Pérsico.

Na véspera, o FMI havia anunciado que está disposto a conceder empréstimos aos países importadores de petróleo do Oriente Médio e do norte da África, os que mais precisam de ajuda financeira. O ministro da Economia da Tunísia, Jalud Ayed, afirmou que as necessidades de seu país somam US$ 25 bilhões em cinco anos. Antes da reunião, o Egito havia anunciado que precisará de US$ 12 bilhões até meados de 2012.

Os líderes do G-8, inclusive a Rússia, também coincidiram em que Kadafi ¿perdeu toda a legitimidade e deve partir¿, pois ¿não tem futuro em uma Líbia livre e democrática¿. Sarkozy, assim como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, reiteraram a decisão de ¿terminar o trabalho¿, em uma referência à saída do coronel. Ao mesmo tempo, a Rússia se posicionou como possível mediadora depois que seu presidente, Dimitri Medvedev, confirmou ter oferecido ajuda para interceder por um cessar-fogo. Ainda ontem, o regime líbio respondeu que ¿não está preocupado¿ com as decisões do G-8 e que toda iniciativa sobre o país deve passar pela União Africana.

Quanto à Síria, a declaração afirma que os líderes das potências estão ¿horrorizados com as mortes de muitos manifestantes pacíficos, como resultado das repetidas e graves violações dos direitos humanos¿ no país. Eles pressionam o regime de Damasco a ¿cessar imediatamente o uso da força¿.