Título: Polícia segue sob pressão
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2011, Cidades, p. 34

Apesar de confirmar que a atual diretora-geral da corporação será mantida no cargo, titular da pasta de Segurança Pública analisa pedido de substituição. Distritais pressionam a troca motivados pela demissão da delegada-chefe do Departamento de Polícia Especializada

O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, conseguiu, por ora, contornar a crise provocada pelo embate entre a diretora-geral da Polícia Civil do DF, Mailine Alvarenga, e a delegada-chefe do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Rosana Gonçalves. Em jantar na noite de quinta-feira com os seis deputados distritais ligados à área, ele ouviu críticas à forma como Rosana foi demitida do cargo na manhã da última segunda-feira, mas pediu um esforço aos parlamentares para evitar uma instabilidade na instituição. Mailine fica no cargo, mas nos bastidores a campanha pela substituição do comando da Polícia Civil continuará.

A bancada da Segurança Pública trabalha na construção de um nome de consenso para apresentar ao governador Agnelo Queiroz (PT). Os seis distritais do setor ¿ o presidente da Câmara Legislativa, Patrício (PT), o vice-presidente, Dr. Michel (PSL), o secretário de Justiça, Alírio Neto (PPS), além dos deputados Cláudio Abrantes (PPS), Welington Luís (PSC) e Aylton Gomes (PR) ¿ sabem que numa divisão não terão chance de emplacar um substituto para Mailine. A delegada tem o respeito profissional dos distritais, mas não o apoio político para permanecer no cargo.

Até a tarde de ontem, três nomes eram cotados para substituí-la: o ex-diretor da Polícia Civil Pedro Cardoso, o titular da 10ª DP, Adval Cardoso, e o da 3ª DP, Onofre de Moraes. ¿Já cumpri minha missão na polícia. Só desejo o retorno da normalidade institucional¿, disse Pedro Cardoso, ao garantir que não está no páreo. Onofre é o nome preferido pelo chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, que é agente aposentado e tem fortes conexões com a instituição. Para Cláudio Abrantes, a preferência é pela indicação de Rosana Gonçalves, mas ele sabe que, depois do confronto com Mailine, seria constrangedor para Agnelo indicá-la para a vaga.

Cláudio Abrantes lamenta a demissão de Rosana, que considera o segundo mais importante na instituição. A chefia do DPE é responsável por todas as investigações complexas, envolvendo homicídios, pedofilia, fraudes, roubos, furtos, crimes contra o meio ambiente e sequestros. Na última segunda-feira, as duas delegadas tiveram uma discussão que resultou na demissão de Rosana. Segundo integrantes da Polícia Civil, Rosana criticou procedimentos adotados pela diretora-geral. Mailine se sentiu desautorizada. O problema é que a exoneração ocorreu sem o prévio consentimento de Sandro Avelar e sem ouvir os distritais, o que foi considerado uma deselegância pela bancada. Até ontem, a exoneração de Rosana não havia sido publicada no Diário Oficial do Distrito Federal, tampouco o nome do substituto.

Perfil técnico Mailine Alvarenga foi escolhida pelo perfil técnico, sem qualquer vinculação com distritais. A definição, em dezembro, coube exclusivamente a Daniel Lorenz, que exerceu o cargo de secretário de Segurança até o início de abril, quando saiu do governo justamente por não aceitar a interferência de deputados na sua linha de atuação. Assim que Lorenz deixou a pasta, começaram as especulações no meio político sobre a permanência de Mailine.

A escolha de um novo diretor da Polícia Civil passa principalmente pela avaliação de Sandro Avelar. Delegado da Polícia Federal (PF), ele assumiu a Segurança Pública no DF há duas semanas. A escolha foi referendada pelo Ministério da Justiça. Antes de aceitar o convite de Agnelo, Avelar exercia a função de diretor do Sistema Penitenciário Federal. Ele tem experiência em negociações políticas pela passagem durante quatro anos como presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). Hoje, tem o apoio da bancada da segurança pública na Câmara Legislativa.