Título: Diploma financiado
Autor: Monteiro, Fabio ; Garcia, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 29/05/2011, Economia, p. 15

Especial para o Correio

A oferta de crédito tem ajudado a sustentar o expressivo avanço no número de estudantes de ensino superior. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) calcula que mais de 800 mil pessoas se graduaram em 2009. Destes, 639 mil estudavam em instituições privadas. Como universidades e escolas técnicas públicas não têm capacidade para atender à grande procura dos interessados em ampliar sua escolaridade, o setor privado é a alternativa. Mas as altas mensalidades impedem o acesso das pessoas que não têm condições de pagar. Para muitos, resta apenas recorrer aos créditos universitários, nos quais uma instituição financeira paga o valor integral das mensalidades enquanto o aluno ainda está cursando.

Um dos caminhos mais procurados é o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O programa apoia a graduação de matriculados em instituições privadas. No ano passado, 74 mil estudantes ingressaram em cursos superiores com o auxílio do fundo, conforme levantamento da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC). Atualmente, 480 mil contratos do Fies estão em vigência. Em 2010, o programa ofereceu cerca de R$ 450 milhões ¿ o maior valor movimentado desde sua criação, em 1999.

A facilidade de pagamento é uma das principais explicações para o expressivo número de integrantes do programa. As taxas de juros já não assustam os interessados no financiamento e têm ficado cada vez mais atraentes. No começo, a Caixa Econômica Federal, único banco que realizava o financiamento ¿ cobrava juros anuais de 9%. Em 2006, a estatal reduziu os encargos para 6,5% e, no ano passado, houve nova redução, para 3,4%.

Carência ampliada Este ano foram divulgadas novas regras de adesão ao programa. Uma das principais novidades é que não há prazo para se inscrever e a solicitação de financiamento pode ser feita em qualquer período do ano. O prazo de carência foi ampliado para três semestres e o prazo de amortização, em pagamentos periódicos, aumentou de uma vez e meia o tempo do curso para três vezes mais 12 meses. Para um curso de quatro anos, por exemplo, o período de amortização chega a 13 anos.

Com taxas mais favoráveis do crédito universitário, Luana Dantas Barbosa, 28 anos, realizou o sonho de se matricular no curso de medicina. ¿Meu objetivo era passar numa faculdade federal, por conta do preço. Pagaria quase R$ 4 mil por mês para estudar e ia pesar muito lá em casa¿, explica. Contudo, o financiamento cobre só as mensalidades. Eventuais custos, como taxa de matrícula, costumam ficar por conta do aluno. ¿Tive que vender o carro para pagar a matrícula¿, lamenta.

Apesar disso, a universitária garante que o financiamento é um bom negócio. ¿Os juros são bem baixos e eu não tenho medo de ficar sem emprego depois de me formar, já que a minha profissão tem grande demanda¿, diz. Luana constata que muitos de seus colegas só conseguem cursar o ensino superior graças às facilidades de pagamento. ¿Conheço muita gente que só está em uma sala de aula por causa da ajuda. Na minha sala, cerca de 20 pessoas já utilizaram o benefício¿, revela.

Outra linha popular de financiamento universitário é o crédito ¿Pravaler¿, gerido pela Ideal Invest. O financiamento, conveniado com quatro instituições privadas do Distrito Federal e outras 170 no país, tem como principal vantagem o pagamento de mensalidades atrasadas por pessoas que já estão no curso superior. Segundo o diretor executivo do grupo, Carlos Furlan, a crescente exigência por mão de obra qualificada impulsiona as matrículas no ensino particular. ¿O que falta ao estudante é segurança¿, resume.