Título: Queda de Collor volta ao painel
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 01/06/2011, Política, p. 5

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou ontem que a Casa fará nova incursão na linha da história e incluirá o episódio do impeachment do ex-presidente Fernando Collor na exposição do "túnel do tempo". Sarney conta que solicitou aos curadores que incluam no painel que trata da década de 1990 a data histórica do ano de 1992, que marcou o afastamento de Collor, hoje senador em atividade na Casa. "Li todo noticiário dos jornais a respeito da exposição feita pelo Senado no túnel do tempo. Não fui curador nem autor dessa exposição, mas, para evitar interpretações equivocadas, acabo de determinar à seção competente do Senado que faça constar na referida mostra o impeachment do presidente Collor, uma vez que nós não temos nada para esconder nesta Casa", afirmou Sarney.

Durante a inauguração da exposição, no entanto, o presidente da Casa chegou a afirmar que o episódio do impeachment tinha sido um "acidente" que não deveria ter acontecido. A assessoria da Casa relatou que os curadores optaram por destacar acontecimentos legislativos da história do Congresso. O senador Lindbergh Farias (PT- RJ), que iniciou a carreira política como presidente da União dos Estudantes (UNE) à época em que os caras-pintadas foram as ruas protestar contra o governo Collor, criticou a exclusão do impeachment do túnel do tempo do Senado. Lindbergh compara o movimento que derrubou o ex-presidente e atualmente senador do PTB às Diretas Já, quando a participação popular foi decisiva no encerramento do governo militar no Brasil.

"É um erro. Não se apaga a história. O movimento das Diretas e o impeachment foram os episódios de maior mobilização popular da história do país", afirmou, acrescentando que a citação à deposição no painel não é desrespeito ao senador Collor. "Vejo que agora Sarney entendeu que não foi um acidente, foi um momento do qual temos orgulho na nossa história. O próprio Collor acha que esse não foi um momento menor da história do país", completou.

Antes de Collor ser eleito em 2006 e assumir o cargo no Senado, a linha do tempo que registra a história do Congresso destacava o movimento popular do início da década de 1990, que marcou o impeachment. Foto de jovens caras-pintadas fazia parte da galeria. A imagem foi retirada em 2007, quando o ex-presidente voltou a Casa. Collor foi procurado para comentar a polêmica da memória seletiva da curadoria responsável pelo painel, mas se recusou a dar entrevista. Até a noite de ontem, o quadro com descrição do impeachment não fazia parte da linha do tempo da exposição do Senado. A mostra completa é composta por 16 painéis.