Título: Pequenos ignorados
Autor: Torres, Izabelle ; Souto, Isabella
Fonte: Correio Braziliense, 02/06/2011, Política, p. 2

O Projeto de Resolução apresentado pela Mesa Diretora da Câmara na semana passada prevendo o aumento de 57 cargos de natureza especial para serem distribuídos entre as lideranças partidárias, deixará apenas três legendas insatisfeitas. PSol, PMN e PR serão os únicos a perderem vagas em relação às que ostentam atualmente. ¿Na reunião de líderes, falei que seremos as vítimas dessa decisão. Em vez de tirarem cargos de quem encolheu, como deveria ocorrer, reverteram a história de forma que quem deveria perder, na prática, ganhou comissionados. E nós seremos decepados numa intenção deliberada de não desagradar aos grandes¿, reclama o líder do PSol, Chico Alencar (RJ).

A reclamação do deputado se deve à nova estimativa de divisão de cargos com base no número de integrantes de cada bancada. Se a nova norma for aprovada, a legenda perde nove postos que dispõe atualmente, enquanto DEM e PMDB, cujas bancadas diminuíram e as vagas de livre provimento deveriam encolher de forma proporcional, vão ganhar mais comissionados.

O milagre da multiplicação de vagas, em vez da redução anunciada, como foi divulgado ontem pelo Correio, é resultado de um jeitinho. Os partidos reduzem o número de funções comissionadas ocupadas por concursados e ampliam os cargos de livre indicação. Na contabilidade final, até parece que algumas legendas perdem funcionários, mas, na verdade, perdem apenas a possibilidade de requisitar servidores efetivos.

Esmagados Na reunião de líderes da última terça, o assunto foi debatido. Algumas lideranças reclamaram de ter de abrir mão de postos, mas mudaram de ideia depois de fazer a contas sobre os ganhos com CNEs. ¿As três legendas que perdem realmente reclamaram. Então, dois líderes das grandes bancadas sugeriram que nós coloquemos a proposta em votação. Claro. Como interessa a eles, seremos esmagados¿, diz Chico Alencar.

A Resolução da Mesa deve ser votado na próxima semana, já que os líderes das maiores legendas apoiam a matéria. A assessoria da Câmara informa que a proposta não gera despesas, já que o custo de R$ 3,6 milhões, previsto para bancar os 57 cargos, seria compensado com a extinção de vagas dos setores administrativos da Casa. (IT)