Título: US$ 6 bi do Bird
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 02/06/2011, Economia, p. 14

Em visita ao Brasil, o presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, anunciou que o país terá disponível um gordo montante de crédito no ano fiscal que começa em julho ¿ de até US$ 6 bilhões. Mas não precisou o que o governo de Dilma Rousseff gostaria de ouvir: em que espaço extra (leiam-se: cargos) para os emergentes as reformas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do próprio Bird podem resultar.

Questionado sobre o tema em entrevista em Brasília, Zoellick se limitou a citar como exemplo de maior participação a atual configuração do Banco Mundial, em que três diretores e o economista-chefe vêm de países em desenvolvimento. Um dos aspectos criticados pelos governos de nações como o Brasil é o fato de a Presidência do Bird ser sempre ocupada por um norte-americano, enquanto os europeus comandam o FMI. ¿A curto prazo, não pretendo mudar a minha nacionalidade¿, brincou. Ele acrescentou que, em horizonte maior, funcionários levados por ele para o banco, vindos de países emergentes, estariam aptos a se tornarem presidentes.

Zoellick, que participa hoje ao lado de Dilma do lançamento do programa Brasil sem Miséria, atribuiu ao papel crescente do Brasil no cenário econômico internacional o aumento dos aportes em programas no país. Os empréstimos do Bird saltarão de uma média de US$ 3 bilhões nos últimos anos para até US$ 6 bilhões a partir de julho. Desse total, US$ 3,5 bilhões são destinados ao Nordeste.

Custo Brasil O principal executivo do Banco Mundial apontou defasagens do país em relação a outros emergentes. ¿As taxas de investimento e de poupança são menores do que as da Índia e da China. Toda vez em que converso com empresários aqui, o custo Brasil, que leva a menos eficiência, é mencionado¿, destacou.

O presidente do Bird alertou ainda para o fato de que o Brasil tem um papel importante como exportador de produtos agrícolas, mas que ¿esse boom não vai durar para sempre¿. ¿É preciso investir em serviços e produtos manufaturados, bem como garantir os investimentos em infraestrutura, fomentando as parcerias público-privadas¿, recomendou.