Título: Doações financeiras
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 06/06/2011, Política, p. 3

Nas eleições de 2010, mais de 1,5 mil empresas do agronegócio fizeram doações de campanha. Só a Bunge Fertilizantes destinou R$ 2,8 milhões a candidatos que disputaram as eleições para a Câmara, o Senado e os governos estaduais no ano passado. Durante as discussões do código, a presença do ex-ministro do Planejamento Martus Tavares, que atualmente é vice-presidente de gestão da Bunge, era frequente.

O cenário de enfraquecimento do governo e o descontentamento dos parlamentares ¿ que tiveram as emendas canceladas e reclamavam da má articulação política com o Planalto ¿ abriram uma avenida para a atuação dos arqueiros do agronegócio. Assim, as empresas escalaram seus melhores representantes para fazer o trabalho de convencimento dos parlamentares.

Um senador da base e integrante da bancada ruralista afirma que, depois da aprovação do código com a Emenda n° 164, o governo recorreu à lista dos "rebeldes" e calculou que, dos 273 votos pró-emenda, pelo menos 150 ocorreram pelo poder de convencimento dos lobistas do agronegócio, que aproveitaram o vácuo institucional existente na base do governo na Câmara. Como o Planalto não se aproximou das bancadas aliadas, os lobistas foram a principal fonte de informação de grande parte dos parlamentares ¿ a estimativa do Executivo é que apenas 10% dos deputados realmente se aprofundaram no debate do Código Florestal.

A crise política que atinge o núcleo duro do Planalto tem animado os ruralistas. Os representantes do setor produtivo acham que "o governo está fraco" e pressionam para que as Casas encerrem a discussão do código em 45 dias. A meta é que o texto seja encaminhado para a sanção presidencial antes do recesso parlamentar. (JJ)