Título: Marcha dribla decisão judicial
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 04/06/2011, Brasil, p. 10

A Marcha da Maconha de Brasília, marcada para acontecer ontem à tarde, na Esplanada dos Ministérios, foi suspensa por ordem do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) depois de um pedido do Ministério Público local. Os participantes do evento, no entanto, usaram dois artifícios para driblar a decisão e realizar a manifestação: criatividade e ousadia.

Primeiro, para convencer à polícia de que não haveria qualquer tipo de apologia à droga, os manifestantes anunciaram uma marcha em favor da liberdade de expressão, se deixaram ser revistados e trocaram a palavra maconha em cartazes e faixas por ¿pamonha¿.

¿A decisão da Justiça foi como uma punhalada. Passamos meses organizando o evento e só recebemos essa notificação em cima da hora. Fizemos tudo dentro da burocracia prevista, preparando, inclusive, reuniões com as polícias Militar e Civil, além de integrantes da Secretaria de Segurança Pública. O Ministério Público foi convidado, mas não foi. Apesar de não concordamos, vamos respeitar o que o TJDFT determinou¿, disse Mauro Chaiben, advogado da organização do evento.

Quando o carro de som e os manifestantes ocupavam duas faixas do Eixo Monumental, no entanto, já passando em frente a ministérios, a folha da erva voltou a aparecer nos cartazes. Os gritos de ordem até então usando a palavra pamonha começaram a ser entoados com o espírito inicial da Marcha da Maconha. Alguns jovens chegaram a acender os cigarros ilícitos durante a caminhada até o Supremo Tribunal Federal (STF). Lá, os participantes formaram uma folha humana.

De acordo com o major da PM William Araújo, responsável pela segurança do evento, cerca de mil pessoas participaram da marcha. Não foram registradas ocorrências.

Provocações Durante a manifestação, a polícia foi provocada com gritos de ordem como ¿Ei, polícia, maconha é uma delícia¿, ¿Ei, tenente, o meu já está na mente¿ e ¿Polícia sem-vergonha, o seu filho também fuma maconha¿. A marcha, no entanto, foi acompanhada ao longo da Esplanada dos Ministérios de maneira pacífica. Esta foi a quarta edição do protesto em Brasília. A primeira, em 2008, foi proibida e não chegou a acontecer. Nos dois anos seguintes, a caminhada ocorreu sem problemas.