Título: Juros vão a 12,25%
Autor: Martins, Victor ; Monteiro,Fàbio
Fonte: Correio Braziliense, 04/06/2011, Economia, p. 13

O forte desempenho da economia no primeiro trimestre do ano não deve alterar os planos do Banco Central de elevar a taxa básica de juros (Selic) nas duas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) ¿ a próxima delas, na semana que vem ¿, apesar dos evidentes sinais de desaceleração da atividade. Segundo especialistas consultados pelo Correio, a autoridade monetária não quer correr o risco de interromper, precocemente, o ajuste e perder o controle sobre a inflação.

Para o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, os primeiros indicadores produtivos do segundo trimestre (abril e maio) mostram que o setor produtivo e a disposição em gastar dos consumidores estão perdendo ritmo e se alinhando com as projeções do BC. ¿A trajetória de inflação está mais clara, dentro do planejado, mas ainda não está garantida. O Copom continuará fazendo os ajustes neste ano para atingir o centro da meta (4,5%) em 2012¿, avaliou.

Se os analistas dão como certa a elevação da Selic pelo menos na próxima semana, no entender do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, a dúvida agora é em relação ao tamanho do arrocho. ¿A economia está claramente em processo de arrefecimento, mas, para atingir a meta de inflação no ano que vem, o BC continuará apertando os juros. Se subirá mais ou menos, dependerá do cenário externo¿, ponderou.

Gomes lembrou que, no início do ano, a alta dos preços de commodities (produtos básicos com cotação internacional) estava pressionando a inflação. Esse efeito, porém, deve ser revertido entre junho e agosto, diminuindo a necessidade de aumentos adicionais na Selic. ¿A autoridade monetária não vai dar saltos, mas continuará usando a tática do gradualismo, com elevações menores, movimento que vem se mostrando correto¿, afirmou.