Título: Investimento soma R$ 173,2 bi
Autor: Martins, Victor ; Monteiro,Fàbio
Fonte: Correio Braziliense, 04/06/2011, Economia, p. 13

Rio de Janeiro e São Paulo ¿ Se o Banco Central respirou aliviado com o ímpeto menor dos brasileiros de irem às compras, rufou tambores ao se deparar com o aumento dos investimentos produtivos, chamados de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no jargão econômico. Esse indicador, vital para garantir o abastecimento futuro da economia e evitar pressões inflacionárias mais à frente, cresceu 1,2% no primeiro trimestre deste ano, o triplo do verificado nos últimos três meses de 2010. Na comparação entre o primeiro trimestre de 2010 e o de 2011, os investimentos avançaram 8,8%. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a taxa de investimento chegou, em março, a 18,4% do PIB, para uma taxa de poupança de 15,8%.

Segundo Rebeca de La Rocque Palis, técnica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os desembolsos para o aumento da produção totalizaram, entre janeiro e março, R$ 173,2 bilhões no período. ¿É importante deixar claro que, nesse número, estão incluídos os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que cresceram muito¿, disse. ¿Além disso, não se viu, no primeiro trimestre, impactos do aperto dado na taxa básica de juros (Selic), que, nos primeiros três meses de 2010, estavam, na média, em 8,6% ao ano, contra 11,2% anuais, no mesmo período de 2011¿, acrescentou.

A empresária Thaís Rosa de Melo, 30 anos, não se intimidou com o arrocho dado pelo governo. Apostando firme na continuidade do crescimento econômico, ela decidiu ampliar a sua rede de padaria. ¿O mercado está muito bom e as pessoas estão consumindo mais. Por isso, os investimentos na expansão do nosso negócio têm tudo para dar certo¿, explicou. Com a abertura de mais uma loja, o número de funcionários dobrou ¿ de 44 para 98. ¿O empreendimento cresceu e analisamos o porquê: as pessoas gostam de novidades e esse é o nosso produto¿, disse.

Os especialistas não escondem, porém, suas preocupações. O Brasil, segundo eles, precisa ampliar os investimentos em infraestrutura. Isso implica ampliar a taxa para pelo menos 25% do PIB. ¿Os países da Ásia, que respondem por boa parte do nosso crescimento, poupam 40% do PIB e investem muitas vezes mais no seu futuro¿, disse Jorge Gerdau, presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau.

Cautela Para o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, é preciso cautela sobre os investimentos. ¿O Brasil e o setor produtivo vivem um momento extremamente perigoso, porque se tem a falsa impressão, gerada pelo câmbio desequilibrado, que ficamos ricos. Não é verdade. Temos de trabalhar mais, de investir firme em nossa competitividade¿, disse.