Título: Dependência de R$ 27 bi
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 04/06/2011, Economia, p. 15

Sem poupança suficiente para crescer, o Brasil teve de ampliar a sua dependência em relação ao capital estrangeiro. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre janeiro e março deste ano, o país precisou de R$ 27,4 bilhões para fechar as contas ante os R$ 25,1 bilhões computados no mesmo período de 2010. Para os especialistas, esse deficit de caixa será uma constante, pois, a curto prazo, não há chances de se ampliar a poupança interna muito além dos 18,4% do Produto Interno Bruto. Nos cálculos dos analistas, essa taxa deveria ser de, no mínimo, 22% do PIB.

Ao mesmo tempo em que o Brasil teve de buscar recursos no exterior, as multinacionais instaladas no país ampliaram as remessas de recursos para as suas matrizes. No primeiro trimestre, a retirada foi de R$ 18,1 bilhões, um salto de R$ 4,4 bilhões frente aos primeiros três meses do ano passado. O mercado brasileiro, por sinal, vem se tornando a principal fonte de ganho para muitas empresas controladas por estrangeiros.

Os números do PIB divulgados ontem mostraram ainda que o volume de importações cresceu, entre janeiro e março, 13,1% quando confrontado com o de igual período de 2010. Já as exportações deram um salto de apenas 4,3%. Dessa forma, o saldo líquido da diferença entre importações e exportações retirou 1,1 ponto percentual do Produto Interno Bruto do período. Isso significa que, não fosse o incremento tão forte das compras no exterior, o Brasil teria crescido mais.

Na avaliação de Rebeca de La Rocque Palis, técnica do IBGE, a forte valorização do real ajuda a explicar o maior crescimento relativo das importações, opinião compartilhada pelo economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza.