Título: Negociação parada
Autor: Garcia, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 08/06/2011, Economia, p. 10

A paralisação dos servidores do Judiciário do Distrito Federal, da Bahia e de Mato Grosso, além do Ministério Público da União (MPU), já dura 20 dias, e as negociações permanecem paradas. Ao longo desta semana, a situação deve piorar. No último sábado, em assembleia nacional, a categoria decidiu estender a greve aos outros estados. A reivindicação é de reajuste de 56% para os 120 mil trabalhadores em todo o Brasil. O pagamento da correção, ainda sem previsão de autorização, custaria R$ 6,7 bilhões aos cofres públicos. A pretensão é que o salário inicial dos analistas, cargo que exige nível superior, passe de R$ 6.551 para R$ 10.283. Já os técnicos, de nível médio, ganhariam R$ 6.101 ao tomar posse, em vez dos R$ 3.993 atuais.

"Inicialmente, pedimos equiparação salarial com o Executivo e o Legislativo, que ganham cerca de 80% a mais. O que exigimos é mais que justo. Com a promessa de conclusão do processo, acabamos reduzindo a proposta no ano passado", explicou o diretor do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (Sindijus), Berilo Leão. Ele argumentou que a categoria concordou em parcelar o reajuste em quatro vezes diante da promessa de cumprimento da correção salarial. "No entanto, até hoje não tivemos resposta. Só voltaremos às atividades normais mediante reajuste."

Emergência O sindicato garantiu que atendimentos de emergência, como a liberação de habeas corpus e de liminares, não serão paralisados. "O mínimo de 30% do efetivo trabalhando, previsto em lei, será respeitado", disse Leão. O funcionamento do

Judiciário, entretanto, está prejudicado, já que a adesão à greve chegou a 40%, percentual considerado positivo pelo diretor. "A paralisação está ganhando força. Uma hora, o governo terá de se pronunciar."

Com a crise na Casa Civil, órgão responsável pelas negociações, a greve deve se prolongar ainda mais. "O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, que deveria intermediar a conversa, também não está cumprindo seu papel. Desse jeito, realmente, fica difícil", reclamou o diretor do sindicato. O Ministério do Planejamento lavou as mãos ¿ a assessoria de imprensa alegou que não responde pela paralisação. A categoria recebeu o último reajuste em 2006.