Título: À espera da indenização
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 09/06/2011, Brasil, p. 14

Desde 2009, um grupo de soldados da borracha tenta, na Justiça, uma indenização dos governos do Brasil e dos Estados Unidos por danos moral e material. A alegação é que as condições dadas aos sertanejos que deixaram o Nordeste para cortar seringa na Amazônia foram desumanas, já que viviam em regime semiescravidão. O processo foi aberto pelo Sindicato dos Seringueiros e Soldados da Borracha de Rondônia, que reivindica o pagamento individual de R$ 763,8 mil de reparação ¿ o valor equivaleria a dois salários mínimos mensais de 1943 a 2009.

Hoje, os cerca de 4 mil sobreviventes dividem-se entre os que recebem dois salários mínimos pagos pela Previdência Social e os que sobrevivem apenas com os vencimentos do Funrural ¿ tributo, hoje extinto, que alimentava uma espécie de Previdência Social do campo. A situação, no entanto, pode melhorar se um projeto que tramita na Câmara for aprovado. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) propõe que o valor seja reajustado para R$ 3 mil, o que equivale ao soldo de um tenente do Exército.

Na Justiça Federal de Rondônia, tramita uma ação baseada em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de 1946 que apurou as condições dos nordestinos que foram à Amazônia na época. O relatório narra, três anos depois da chegada dos sertanejos aos seringais, histórias de semiescravidão. O processo deverá ser julgado nos próximos meses, com prioridade, já que todos os soldados da borracha têm, hoje, mais de 80 anos. (EL)