Título: Humala e Dilma afinados no social
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 10/06/2011, Mundo, p. 15

O presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, desembarcou ontem em Brasília para dar início a uma nova fase nas relações com o Brasil. Na reunião com a futura colega brasileira, o militar nacionalista demonstrou confiança no apoio de Dilma Rousseff e apostou na ampliação da cooperação. Humala, que derrotou nas urnas a direitista Keiko Fujimori, declarou que as políticas sociais brasileiras são exemplo para a América Latina e que, apesar das diferenças, seu governo poderá se inspirar no "modelo de sucesso" iniciado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro rendeu possíveis parcerias em programas como Brasil sem Miséria, além de planos para o desenvolvimento do comércio e para a defesa de fronteiras.

O Brasil é o primeiro país que o futuro presidente do Peru visita depois de vencer o segundo turno, no domingo passado. "A mensagem que queremos deixar é de que o Brasil é um sócio estratégico importante para o Peru. Reconhecemos que o Brasil é um modelo de sucesso que alcançou desenvolvimento econômico com estabilidade macroeconômica e inclusão social. Mas sabemos que a realidade do Peru é diferente", afirmou Humala.

A política de fronteiras foi um dos temas tratados no encontro com Dilma, que expôs ao visitante o plano estratégico anunciado na véspera para o setor. Novos acordos sobre defesa, o combate ao crime organizado, a expansão do comércio e a circulação de pessoas devem entrar na pauta de uma visita oficial do presidente peruano, ainda sem data definida. "A fronteira mais extensa que o Peru tem é com o Brasil, e é justamente a menos dinâmica e desenvolvida. Temos fronteira com Chile, Bolívia e Equador que estão mais desenvolvidas, mas sabemos que o Brasil é um país muito importante no contexto mundial", apontou o novo mandatário.

Programas sociais também fizeram parte da discussão. Depois de o Brasil "exportar" para a Venezuela o modelo do programa Minha Casa, Minha Vida, agora o Brasil sem Miséria pode tornar-se exemplo para o novo governo peruano. "Existem coincidências com propostas que fizemos durante a campanha, e discutimos um conjunto de programas, sobretudo na luta contra a pobreza. Pensamos o mesmo sobre a importância da inclusão social", disse Humala. Ele e Dilma também trocaram impressões sobre o ProUni e o Bolsa Família.

A presidente brasileira confirmou presença na posse de Humala, em 28 de julho. Hoje, o presidente eleito peruano encontra-se em São Paulo com o ex-presidente Lula, a quem associou sua imagem na campanha ¿ depois de ter sido derrotado, em 2006, quando foi associado ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. Neste ano, ele teve inclusive consultores brasileiros na corrida pela presidência. "Havia uma relação de amizade entre o presidente Humala e vários membros atuais do governo. Evidentemente, isso ajuda na aproximação. Peru e Brasil têm interesses comuns, são dois grandes países da região e podem, por isso mesmo, estabelecer uma relação privilegiada", disse no fim do encontro o assessor especial de Dilma para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Humala seguirá do Brasil para o Paraguai, o Uruguai, a Argentina e o Chile.