Título: Contagem regressiva no FMI
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2011, Economia, p. 22

Finanças Prazo para a apresentação de candidatos ao cargo de diretor-gerente se encerrou ontem. Três economistas disputam o pleito no dia 30

A contagem regressiva para a escolha do novo comandante do Fundo Monetário Internacional (FMI) começou ontem, com o fim do prazo para a apresentação das candidaturas. O Brasil ainda não anunciou seu apoio formal, mas escolherá Christine Lagarde, ministra francesa das Finanças, uma vez que não existe um consenso entre os países emergentes. O governo brasileiro não pretende se indispor com Estados Unidos e União Europeia, que detêm a maioria das cotas do Fundo e optarão em manter a tradição de um europeu no comando do organismo.

As negociações do Brasil estão focadas no compromisso de Lagarde em manter as reformas iniciadas pelo ex-diretor-geral do FMI Dominique Strauss-Kahn, que renunciou no mês passado em meio a denúncias de tentativa de estupro e cárcere privado de uma camareira de um hotel em Nova York. A agenda de Strauss-Kahn previa uma maior participação dos países emergentes no órgão. O novo chefe do FMI será anunciado no dia 30.

¿O número de cotas do Brasil é irrisório e representa pouco no Fundo. Na hora do vamos ver, não existe um consenso dentro dos próprios Brics (bloco integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). As agendas não têm pontos em comum na área internacional¿, comentou o professor de relações internacionais do Ibmec-DF Creomar de Souza. ¿Lagarde vai ganhar porque o velho arranjo prevalecerá, pelo menos, neste momento. O espaço de manobra é muito pequeno e os Brics ainda não fecharam pontos em comum.¿

Também está no páreo o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, que vem ganhando força nos países latino-americanos, mas tem poucas chances. O terceiro candidato é o presidente do Banco Nacional do Cazaquistão, Grigori Martchenko, apoiado por Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Rússia, Quirguistão, Tadjiquistão e Ucrânia.

¿(A decisão do Brasil) depende muito do quadro geral. Tem que ver a reação dos outros emergentes. Ninguém quer ir para um lado sozinho¿, afirmou à Reuters o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey.

Dólar sobe 1,33% na semana Em meio a um clima de nervosismo, o dólar encerrou as negociações de ontem com alta de 0,5%, a terceira consecutiva, cotado a R$ 1,597. Na semana, o avanço foi de 1,33%, reflexo do desempenho negativo dos mercados internacionais. A moeda norte-americana chegou a romper o teto de R$ 1,60 para a venda (a primeira vez desde 27 de maio) no meio da tarde, mas recuou, acumulando valorização de 1,08% em junho. A divulgação do deficit de US$ 57,6 bilhões no orçamento do governo dos Estados Unidos em maio, melhor do que o esperado pelos analistas, e o avanço de 0,5% das exportações dos EUA, contribuíram para impulsionar as negociações com a divisa. O superavit comercial de US$ 13,1 bilhões da China, pior do que o estimado pelo mercado, também influenciou o dólar. O resultado desfavorável da balança chinesa foi resultado do aumento mais forte das importações.