Título: Bombeiros são libertados
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2011, Brasil, p. 11

Rio de Janeiro Os oficiais presos há uma semana após invadirem o quartel central da corporação foram soltos na manhã de ontem. Agora, eles querem a anistia dos processos administrativos Os mais de 400 bombeiros e dois policiais militares que estavam presos há uma semana em Niterói, Rio de Janeiro, por invadirem o quartel central do Corpo de Bombeiros para reivindicar melhores salários, foram libertados na manhã de ontem, após terem um pedido de habeas corpus aceito na noite de sexta-feira. Foi necessária uma parceria com a Auditoria Militar e técnicos da Diretoria-Geral de Tecnologia da Informação (DGTEC) do Tribunal de Justiça para fazer a digitação dos alvarás de soltura devido à quantidade de homens detidos.

A maior parte dos oficiais seguiu para uma manifestação em frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Colegas de corporação que estavam acampados no local desde domingo estenderam uma faixa vermelha no chão para recebê-los. A intenção do grupo é desmontar o acampamento hoje e fazer uma passeata de agradecimento à população em Copacabana.

Um grupo de deputados que apoia os manifestantes vai colher assinaturas para um abaixo-assinado pedindo a anistia dos processos administrativos e criminais que os bombeiros deverão responder a partir de agora. O secretário estadual de Defesa Civil e comandante dos bombeiros no Rio, Sérgio Simões, declarou na última sexta-feira que não haverá perseguição aos agentes que participaram dos protestos. ¿Vamos nos ater à apuração dos fatos, nada além disso. A palavra que tenho com minha tropa é respeito¿, afirmou, garantindo que os homens poderão voltar ao trabalho normalmente.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou à Justiça, também na sexta-feira, os 429 bombeiros e dois PMs que foram presos após manifestação que culminou com a invasão do quartel, alegando motim e danos, entre outros crimes do Códrigo Penal Militar. De acordo com o MP, eles praticaram violência e permaneceram nas dependências do quartel central dos Bombeiros, descumprindo ordens superiores.

A categoria está em greve desde 3 de junho e reivindica salário inicial de R$ 2 mil para soldados. O governo do estado anunciou, na última quinta-feira, reajuste de 5,58% antecipado em seis meses para bombeiros, policiais militares e civis e agentes penitenciários, o que faria o salário-base dos bombeiros passar de R$ 1,151 mil para R$ 1,215 mil. No plano de correção, previsto para 48 meses, cada parcela fica com um aumento de 0,915%. Grevistas afirmam, no entanto, que a remuneração atual é R$ 950. O governo diz que se conceder o reajuste exigido pela categoria pode ocorrer a quebra dos cofres públicos. Os líderes do movimento afirmam que só voltarão a negociar a questão salarial depois que houver anistia dos homens que foram presos.