Título: Agenda reforçada no Planalto
Autor: Kleber, Leandro; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2011, Política, p. 3

Cada vez mais envolvida com a articulação política, presidente concilia compromissos públicos com encontros com a base aliada

Como reflexo da entrada da presidente Dilma Rousseff nas articulações políticas do Planalto, a agenda pública dela deu uma intensificada nos primeiros 15 dias de junho. A alteração no ritmo dos compromissos presidenciais ocorreu depois da crise envolvendo o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, que estremeceu as já conturbadas relações da base do governo no Congresso. Com isso, Dilma precisou fazer também as amarras políticas. A agenda diária, antes preenchida com vários "despachos internos" e compromissos marcados com longos intervalos entre eles, agora aparece recheada de reuniões do início da manhã até o fim do dia. Hoje, por exemplo, Dilma lança a segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida, uma de suas principais promessas de campanha.

Ontem, a presidente participou de novo almoço no Palácio da Alvorada com senadores de partidos aliados, desta vez do PP. Para cumprir uma agenda positiva e tentar mostrar a imagem de que o governo não ficou paralisado em meio ao caso Palocci, a presidente Dilma lançou na primeira quinzena deste mês o principal programa de sua gestão, o Brasil sem Miséria; o plano estratégico de fronteiras, que envolve vários ministérios; e inaugurou uma plataforma da Petrobras em Angra dos Reis (RJ). Dilma também esteve em Blumenau (SC) para inaugurar casas do Minha Casa, Minha Vida.

"Muitos acharam que não seria possível construir um milhão de casas quando lançamos o programa. Agora, na segunda versão, vamos construir mais um milhão", afirmou. A segunda fase do programa terá, segundo a Caixa Econômica Federal, recursos de R$ 120 milhões a R$ 140 milhões para financiar a construção de moradias para famílias com renda de até 10 salários mínimos.

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), no entanto, avalia que não houve mudança de comportamento da presidente nos últimos dias. Segundo ele, desde o primeiro dia de governo, o Planalto trabalha intensamente e lança programas importantes para o desenvolvimento do país, como o de remédios gratuitos de hipertensão e diabetes. "Vale lembrar que ela teve de se recolher por um tempo devido à pneumonia. Fora isso, creio que não houve alteração na agenda da presidente", afirma.

Projetos No almoço com os senadores do PP, Dilma se comprometeu a mandar quatro projetos ao Congresso. As propostas tratam de desoneração de investimentos, de exportação e da folha de pagamentos, além da ampliação do Super Simples. Participaram do encontro as novas ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), além de Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). De acordo com o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), o "PP dá apoio integral às linhas gerais do governo". Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que o encontro serviu para apresentar as duas novas ministras para a bancada do partido.