Título: Violência se espalha e atinge a Espanha
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Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2011, Economia, p. 16

Barcelona e Madri ¿ A onda de protestos que varreu a Grécia se espalhou pela Espanha, onde a recessão econômica fez com que o índice de desemprego atingisse 22%, o mais elevado entre as nações industrializadas. Sem perspectiva de recuperação do país em curto prazo, a população se revoltou contra os programas de cortes de gastos pelo governo. Um dos pontos mais combatidos pelos espanhóis está o projeto do primeiro-ministro José Luis Zapateiro que reduz os salários e aposentadorias dos servidores públicos.

Ontem, cerca de 2,5 mil manifestantes cercaram o Parlamento do país, em Barcelona, e foram repelidos com vigor pela polícia. Pelo menos 36 pessoas ficaram feridas, entre elas 12 policiais. Com o bloqueio feito em frente aos portões de acesso do prédio, diversas autoridades só conseguiram chegar ao local usando helicópteros. Outros membros foram atingidos por jatos de tinta enquanto passavam pelos cordões de isolamento. A tensão foi tamanha que acabou contaminando os parlamentares. Apenas metade deles participou dos debates envolvendo as propostas para a redução de despesas com saúde e educação.

A maioria dos manifestantes era de jovens, insatisfeitos com os rumos do país, especialmente pela falta de perspectivas de se encaixarem no mercado de trabalho. Para eles, as leis trabalhistas em vigor dificultam a abertura de vagas. Estima-se que, em determinadas regiões do país, metade dos jovens está desempregada.

A polícia informou que vários manifestantes foram presos por "desordem pública, agressão e ferimentos a policiais", resultantes de "lançamento de garrafas e até de tesouras". Os policiais ainda foram alvo de "chutes e socos". Centenas de pessoas se reuniram em frente ao Parlamento em Madri na para condenar os projetos do governo de reformular a negociação salarial coletiva. Sindicatos e trabalhadores vêm discutindo há meses a reforma do sistema, considerada vital para as mudanças trabalhistas, bancárias e previdenciárias com o objetivo de retomar a economia espanhola.