Título: Governo enfrenta onda de protestos
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2011, Mundo, p. 29

No rastro da convulsão popular que há seis meses agita países do mundo árabe, a China enfrenta uma onda de violentos protestos que evidenciam uma revolta crescente de parte da população contra o governo. Os distúrbios, iniciados na semana passada em várias cidades, foram desencadeados por denúncias de corrupção, de abuso de poder e de expropriações ilegais de terras por parte de autoridades locais, o que destoa da imagem de "sociedade harmoniosa" preconizada pelo presidente Hu Jintao. "A irritação se propagou em muitas categorias sociais. Há um contexto global de tensões entre o governo e a população", assinala Zheng Yongnian, pesquisador da Universidade Nacional de Cingapura.

De acordo com a agência oficial Xinhua, na semana passada, centenas de pessoas atacaram com paus e pedras os policiais que brigavam com uma dupla de vendedores ambulantes em Xintang, localizada na província de Guangdong, cuja capital é Cantão (sul da China). Centenas de policiais com blindados foram posicionados na região. Vinte e cinco pessoas acabaram presas no incidente.

Episódios similares ocorreram em outra localidade da mesma província, depois que um operário que participava de um protesto por aumentos salariais foi ferido com uma faca. Na região de Cantão, metrópole ao sul da China, moradores relataram "cenas de terror" nos distúrbios registrados nos últimos dias, duramente reprimidas pela polícia, com direito a automóveis incendiados e depredados.

Em Lichuan, província de Hubei, no centro do país, um protesto contra a morte de um líder local reuniu 1,5 mil manifestantes, que entraram em choque com as forças de segurança. Segundo os analistas, o governo chinês fez da estabilidade social prioridade absoluta e recorrerá a todos os meios, inclusive a violência, para deter as manifestações, o que, naturalmente, deverá piorar a situação.