O dólar subiu ontem mais 2,39%, para R$ 2,568, o maior valor desde 19 de abril de 2005, quando fechou a R$ 2,575. O quinto dia seguido de alta continuou refletindo o quadro de incertezas sobre o futuro da política econômica. 

A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) caiu, por sua vez, 1,98%, tambem afetada pelo mau humor dos investidores com a indefinição em torno da equipe econômica que vai compor o segundo governo de Dilma Rousseff. Dúvidas a respeito do reajuste de combustíveis pressionaram novamente as ações da Petrobras, que caíram mais de 2%, puxando o pregão para baixo. Entre os destaques negativos também estavam as quedas dos papéis preferenciais (PN) do Itaú (-3,63%) e do Bradesco (-2,15%). 

Nesse contexto, a moeda norte-americana acumulou uma valorização de 6,35% desde a última sexta-feira. "As indefinições locais pesaram nos negócios com dólar. Quando não se sabe o que vem pela frente, o investidor corre para o dólar", explicou Italo Abucater, especialista em câmbio da corretora Icap. 

O mercado quer mais detalhes sobre como a economia será tocada a partir de 2015, sobretudo em relação à política fiscal, considerada excessivamente expansionista e pouco transparente. Outra curiosidade está em torno do nome de quem vai substituir o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Essa pergunta só será respondida pela presidente Dilma Rousseff após a reunião do G-20, grupo das 20 maiores economias desenvolvidas e emergentes, em 15 e 16 de novembro. 

Prova da apreensão dos investidores, esta na reação negativa à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), sinalizando que a política fiscal deve rumar para a neutralidade. O documento revelou ainda que a autoridade monetária deve continuar o ciclo de aperto monetário recém-iniciado, além de prever inflação mais elevada em razão do câmbio. 

As dúvidas têm dominado o mercado cambial, deixando cotações vulneráveis. "As operações têm como base expectativas e muitas incertezas", observou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso.

 

 

Poupança atrai pouco

 

 

A poupança registrou em outubro saldo positivo entre saques e entradas pelo sexto mês seguido. Mas os valores, informados ontem pelo Banco Central (BC), continuam baixos. O resultado líquido do mês passado entre depósitos e saídas ficou no azul em R$ 540,345 milhões. Foi o pior desempenho para meses de outubro desde 2008, quando houve perda líquida de recursos.

Em igual mês de 2013, a captação foi de R$ 4,51 bilhões. Em setembro, o total depositado na poupança avançou R$ 1,37 bilhão. Considerando o rendimento de R$ 3,549 bilhões registrado em outubro, o patrimônio total da tradicional caderneta subiu para R$ 647,502 bilhões.

No acumulado do ano, a captação da poupança soma R$ 16,07 bilhões. Em igual período do ano passado, o montante captado estava em R$ 53,46 bilhões. Em todo o ano de 2013, a captação líquida foi recorde, somando R$ 71,05 bilhões. Para especialista, o desempenho fraco da caderneta é resultado da combinação de rendimento menor dos salários e das perdas para a elevada carestia.

Os bancos que aplicam recursos da caderneta em crédito imobiliário tiveram captação líquida de R$ 1,54 bilhão em outubro. Os que destinam recursos ao crédito rural registram, por sua vez, perda líquida de R$ 1 bilhão. Desde o fim de agosto de 2013, a poupança voltou a ser remunerada pela fórmula antiga, de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial. Pela regra atual, se a Selic voltar a figurar abaixo de 8,5% anuais, o rendimento será equivalente a 70% dela.