O temor de que os preços subam ainda mais, os parcelamentos fiquem mais caros com a alta de juros e que os ajustes necessários para economia dificultem a vida em 2015 está levando consumidores a anteciparem as compras de Natal e a se prepararem para os compromissos obrigatórios do início de ano, como impostos e material escolar. E para fugir dos valores salgados, muitos optaram por levar para casa somente o necessário. Os presentes caros estão saindo das listas e, se depender dessas pessoas, o 25 de dezembro de 2014 será lembrado como o Natal das lembrancinhas.
A bióloga Ivete Amaral, 57 anos, disse que há tempos não entra em shopping centers no mês de dezembro. "Os produtos ficam muito caros, o atendimento é péssimo e a gente ainda acaba gastando mais do que deve", reclama. Ela educou os filhos para terem o mesmo comportamento. "Não olhamos data específica. Pesquisamos o que queremos e o que precisamos. Guardamos sempre um pouco de dinheiro para mimos de aniversário ao longo do ano ou para imprevistos", conta.

Segundo ela, quando encontram algo com bom preço, compram e esperam. "É tudo previamente calculado. Derrubamos a tradição de abrir presente na noite de Natal. E isso nos dá tranquilidade, sobretudo agora, com esta situação nebulosa do país. Estou aposentada, mas tem gente que não sabe nem se terá emprego no ano que vem", explica.

O arquiteto Laerte Furquin, 43 anos, escolheu dar só recordações aos filhos, ainda pequenos. Ele e a mulher vão aguardar as liquidações do começo de ano. "Os preços estarão mais em conta. Consigo descontos de até 15%", comemora. Furquim herdou do pai o hábito de pesquisar os valores dos produtos, reservar uma parte do orçamento para o consumo e nunca gastar além do programado. "Desde agosto, venho estudando os preços e as possíveis mudanças no cenário econômico. Todos sabem que o momento é de pé no freio. A alta dos juros não chegou a me surpreender. Era uma demanda antiga do mercado financeiro. Só não sabíamos exatamente quando viria", lembra o arquiteto.

Indecisões

Na opinião de especialistas, diante da conjuntura de inflação e juros em ascensão, vale a pena antecipar as compras natalinas, desde que o consumidor tenha reservas financeiras disponíveis e o orçamento familiar não seja afetado. Segundo analistas, a tendência é de os preços ficarem mais salgados em dezembro. Com dinheiro na mão, o poder de negociação aumenta. E o consumidor não deve ficar constrangido. A dica é pechinchar o quanto puder. Assim, é possível conseguir descontos de 3% a 10%, em média. "Dinheiro não aceita desaforo. Gasto extra precisa ser verificado", destaca Reinaldo Domingos, terapeuta financeiro da Editora DSOP.

Domingos lembra que o mercado obedece à lei da oferta e da procura. Quanto mais gente quer, mais os preços sobem. "E tem mais um detalhe: com as oscilações do dólar e da bolsa, devido às incertezas, a empregabilidade pode ficar comprometida. O momento é de colocar as barbas de molho." Outro fato importante é que, há cerca de dois anos, os reajustes salariais perdem para a inflação. "Então, se é para comprar, que seja agora, os descontos são, em média de 3% a 10%, e podem chegar a 20%. Mais tarde, quando o futuro ministro da Fazenda assumir, se não for simpático ao mercado, o rumo da economia será imprevisível", assinala.

O especialista aconselha também que, quem não está capitalizado e depende da entrada do 13º salário, deve começar a fazer uma detalhada pesquisa. Isso porque alguns comerciantes maquiam os preços. Elevam os valores e depois dizem que os reduziram pela metade. Você só terá condições de avaliar se um produto está mesmo em oferta se acompanhar as remarcações. Para os endividados e inadimplentes, Domingos faz um alerta: "Paguem suas contas. Não usem cheque especial ou cartão de crédito enquanto não tiverem estabilidade financeira".

Fique ligado

Diante da conjuntura de juros e inflação em alta, vale a pena antecipar as compras natalinas desde que o consumidor tenha reservas financeiras disponíveis para tal

Devido às incertezas que rondam a economia, nem a alta da taxa básica de juros (Selic) para 11,25% ao ano deve evitar que os preços fiquem mais salgados em dezembro

Com dinheiro na mão, o poder de negociação aumenta e é possível conseguir descontos que vão de 3% a 10%, afirmam analistas. E não fique constrangido. Pechinche o máximo que puder

Quem não está capitalizado no momento e precisa aguardar a entrada do 13º salário deve começar a fazer uma detalhada pesquisa de preços desde já

Não caia na armadilha das falsas promoções. Alguns comerciantes maquiam os preços para ter mais lucro. Elevam os valores e depois dizem que o reduziram pela metade

Só terá condições de avaliar se os produtos estão mesmo em oferta o consumidor que acompanha sistematicamente os preços. Observe: de um dia para o outro, pode haver diferenças

Para os endividados e inadimplentes, os analistas fazem um alerta: paguem as contas antes de saírem às compras. Não lancem mão do cheque especial e do cartão de crédito enquanto não tiverem estabilidade financeira

Fontes: educadores financeiros.