Os bancos privados têm turbinado os ganhos aplicando cada vez mais na compra de títulos públicos. Somente o Itaú Unibanco triplicou as receitas com esses investimentos, que chegaram a mais de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre. No mesmo período do ano passado, o total havia sido de R$ 340 milhões. Com o péssimo momento econômico, as instituições financeiras passaram a recorrer a operações de baixo risco.

“Tivemos um desempenho melhor neste trimestre do que no anterior. Os ganhos passaram de R$ 800 milhões para R$ 1,08 bilhão”, destacou o diretor de Relações com Investidores do Itaú, Marcelo Kopel. As chamadas operações de tesouraria foram responsáveis por um quinto do lucro líquido de R$ 5,5 bilhões obtido pelo banco entre julho e setembro, que foi impulsionado também pelo crescimento das carteiras de crédito consignado, imobiliário e empréstimos a grandes empresas. 

No Santander, que acumulou resultado de R$ 1,5 bilhão no período, os ganhos em títulos chegaram a R$ 1,4 bilhão, alta de 48,1% na comparação com o apurado entre abril e junho. “A melhora é consistente com a nossa estratégia de crescimento seletivo, baseada na vinculação com clientes, na eficiência operacional e na gestão prudente do risco”, afirmou, em nota, o presidente do banco, Jesús Zabalza. Na semana passada, o Bradesco divulgou lucro de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre.

Na avaliação do analista de bancos da Austin Rating Luis Miguel Santacreu, em um ano de baixo crescimento econômico, as instituições estão atentas aos níveis de inadimplência e às expectativas de aumento do desemprego, priorizando operações de menor risco, o que leva ao represamento de recursos nos cofres. “A tesouraria é uma gestão bancária em um momento em que a economia não apresenta um horizonte de longo prazo. É um componente conjuntural dos resultados e compõe os ganhos”, completou.