RIO - A disputa pela operadora Portugal Telecom (PT) ganhou novo capítulo ontem, com mais uma proposta na mesa da Oi. Os fundos de private equity Apax Partners e Bain Capital apresentaram em conjunto uma oferta para compra dos ativos portugueses da tele brasileira por € 7,075 bilhões (R$ 22,5 bilhões), excluindo caixa e dívida. A proposta é ligeiramente superior à apresentada há pouco mais de uma semana pelo grupo europeu Altice, mas existem outros pontos a serem considerados pela empresa brasileira na hora de bater o martelo.
A Altice ofereceu € 7,025 bilhões (R$ 22,3 bilhões), ou seja, 50 milhões a menos. Ambas ofertas condicionaram dois pagamentos de 400 milhões ao cumprimento de metas de geração de receitas e outros aspectos financeiros. Mas, no caso do grupo europeu, trata-se de uma proposta firme, enquanto os fundos ainda enviarão a proposta final para aprovação de seus comitês de investimentos, e será feita diligência legal (análise da situação da empresa).
A Altice saiu ontem em defesa de sua proposta. Em nota, informou que a sua oferta é "totalmente financiada, incondicional e traz um projeto industrial de investimento de longo prazo e de investimento para a Portugal Telecom".
De acordo com a imprensa portuguesa, os recursos para o negócio viriam de instituições como Morgan Stanley, Goldman Sachs, Credit Suisse, JP Morgan e Deutsche Bank.
Estratégia. A venda da operação da PT é fundamental para a Oi levantar recursos para participar do processo de consolidação do setor de telecomunicações no País. Após se desfazer dos ativos portugueses, a tele pretende fazer uma oferta pela TIM com América Móvil (controladora da Claro) e Telefônica (Vivo).
Os analistas do Itaú BBA destacaram ontem que a oferta da Apax e Bain Capital pode ser aprovada mais rapidamente. "A aprovação da oferta seria mais fácil comparada com um negócio que envolve a Altice porque não leva a uma concentração de mercado". A Altice já possui duas empresas portuguesas, a Cabovisão e a Oni, com participação de mercado de 6% na telefonia fixa, 6% em banda larga e 7% em TV por assinatura.
"As participações combinadas com as da Portugal Telecom, líder nesses segmentos, levariam a uma concentração de mercado significativa, superando o patamar de 50% em quase todos eles (57% em telefonia fixa, 56% em banda larga e 49% em TV por assinatura)".
Os analistas reiteram que a venda da PT é importante para o processo de consolidação da telefonia móvel no Brasil, pois dará à Oi condições de participar da compra da TIM.
Em paralelo, a empresária angolana Isabel dos Santos lançou uma preliminar de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) das ações da Portugal Telecom SGPS, holding em processo de fusão com a Oi e dona de 25,6% da tele brasileira e da dívida da Rioforte. Na oferta, propôs mudanças em termos acordados entre Oi e PT. A tele brasileira decidiu rechaçar a proposta.