RIO e BRASÍLIA

Com a disposição do PSDB de apoiar um candidato da terceira via para disputar a presidência da Câmara, intensificou-se no Congresso a movimentação dos deputados favoritos para assumir o papel de alternativa na disputa - hoje polarizada entre PMDB e PT. Júlio Delgado (PSB-MG) e Miro Teixeira (PROS-RJ) são nomes citados pela cúpula tucana como possíveis candidatos pela capacidade de manter aglutinadas as forças que se uniram no segundo turno da eleição presidencial em torno de Aécio Neves (PSDB-MG).

Os potenciais candidatos dizem que ainda não há nome definido para concorrer pela vaga, mas defendem que a terceira via se apresente para quebrar o revezamento entre PT e PMDB e representar o sentimento de mudança que veio das ruas nas manifestações do ano passado. Júlio Delgado, que é mais próximo de Aécio, lembra sua votação em 2013, quando disputou com o atual presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e quase levou a eleição para o segundo turno. O deputado usa frases do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e de Tancredo Neves, para representar seu espectro político: "Não vamos desistir do Brasil" e "Não vamos nos dispersar".

- Há espaço para uma terceira via, para fugir da polarização entre PT e PMDB. Fico lisonjeado de ser citado e sei do desempenho que tive em 2013. Sem o apoio do PSDB, já tive 175 votos. Agora, vamos assumir a liderança do PSB para a próxima legislatura, formalizar um bloco permanente com PV e PPS, e também teremos blocos funcionais com outros partidos. Mas, nesse momento, não devemos personificar quem será o candidato. Qualquer nome que representar esse desejo de mudança muito forte da sociedade, e que for capaz de aglutinar em torno de si essas forças, pode ser o candidato - defende.

Embora Delgado tenha obtido votação relevante na última eleição, Miro Teixeira é visto como um nome de maior potencial para atrair votos de dissidentes da base aliada. O deputado, que foi ministro das Comunicações do governo Lula, prefere chamar a candidatura alternativa de "primeira via do desejo do povo brasileiro" e já defende uma plataforma: gerar, a partir da Câmara, um sistema de transparência na administração de recursos públicos.

- O que está acontecendo é um sentimento de que a Câmara precisa ter uma presidência que resguarde a instituição e recupere a identidade com o povo que representa. Existe um sentimento de combustão espontânea, independente de nomes. Eu integro essa parcela que deseja que a Câmara faça parte do Legislativo afirmando as prerrogativas de independência e harmonia na relação com os outros poderes, sem que isso represente hostilidade - diz Miro.