Afilhado político do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Sérgio Machado anunciou ontem licença de 31 dias da presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobras no setor de transporte e logística. O afastamento dele deve atender ao pedido da consultoria PriceWaterhouseCoopers (PwC), de que só continuaria a auditoria na estatal após a demissão do presidente. “Nada devo nem temo em relação à minha trajetória na Transpetro”, disse Machado, em carta que anuncia a saída temporária. 

Nomeado em junho de 2003, durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador e ex-deputado filiado ao PMDB do Ceará foi citado nos inquéritos que investigam o esquema de corrupção desvendado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Em depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou ter recebido R$ 500 mil das mãos de Machado entre 2009 e 2010 para a contratação de “alguns navios”, negócio que passou pela Diretoria de Abastecimento. “Foi entregue diretamente por ele”, confirmou Paulo Roberto.

A presença de Sérgio Machado à frente da Transpetro era vista pela PwC como empecilho para a realização da auditoria na estatal. Era esperado que a Petrobras divulgasse o balanço do terceiro trimestre no último dia útil de outubro. No entanto, não há data oficial. Agora, o resultado deverá ser divulgado em 14 de novembro, um dia antes de vencer o prazo legal de 45 dias após o fechamento do trimestre. Na sexta-feira da semana passada, a reunião do Conselho Administrativo também foi adiada. 

“Absurdo”
Na carta em que anunciou o afastamento, Machado ressaltou o orgulho de trabalhar por 11 anos na estatal. “Estive à frente do processo que a transformou na maior empresa de transporte e logística de combustíveis do Brasil. Entre 2003 e 2013, o faturamento aumentou em média 13,5% ao ano e o Ebitda, um importante indicador financeiro, teve crescimento médio de 15,1% ao ano”, explicitou. Ele classificou as denúncias de Paulo Roberto de “imputações caluniosas”. “A acusação é francamente leviana e absurda, mas, mesmo assim, serviu para que a auditoria externa PwC apresentasse questionamento perante ao Comitê de Auditoria do Conselho de Administração da Petrobras”, disse.

Machado também fez questão de frisar que não responde a nenhum processo administrativo ou de investigação. “Além de não responder a nenhum processo no TCU (Tribunal de Contas da União), não sou réu em nenhuma ação penal e não tenho contra mim nenhuma ação de improbidade admitida pela Justiça. Ao longo de mais de 30 anos de vida pública, jamais fui processado em decorrência de meus atos.” Procurada, a PWC não comentou a auditoria alegando questões de “confidenciabilidade”.

Na noite de ontem, a empresa anunicou que o diretor de Gás Natural, Claudio Ribeiro Teixeira Campos, será o substituto de Sérgio Machado.