A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em Doha, que já conhecia o teor da carta de demissão de
Marta Suplicy do Ministério da Cultura, e que a saída da ministra tinha sido acertada “mais de um mês”
antes da viagem para a reunião do G20, na Austrália. Sobre o tom crítico de Marta em relação à política
econômica na carta, a presidente minimizou.
— Meu querido, esta é uma opinião dela. Eu acho que as pessoas têm direito de dar opinião. Eu não
acho nem A, nem B — afirmou Dilma em entrevista na capital do Qatar, antes de seguir para a Austrália.
Perguntada se teria sabido da carta ao chegar ao Qatar, garantiu que soubera antes:
— Eu estive com ela (Marta) antes. E ela entregou a carta — afirmou Dilma. — Eu conversei com a
ministra, e nós acertamos a saída. Ela falou para mim, tem mais de um mês que isso está acertado. E ela
entregou a carta naquele espírito que todos os ministros que vão sair entregarão uma carta para mim. Ou
os que não vão sair também.
Dilma negou que tenha ficado incomodada com o episódio. E que seria “uma injustiça com a ministra”
dizer que ela esperou a viagem para devolver o cargo:
— Logo depois que eu fui reeleita, a ministra falou comigo que sairia. Ela não teve nenhuma atitude
incorreta, ela me disse que sairia, eu aceitei que ela saísse. E aí nós acertamos que ela ia me enviar uma
carta. A estrutura de praxe.
Dilma também negou que o ex-presidente Lula teria influência sobre a reforma ou que haveria um
prazo para os ministros entregarem os cargos.
— Meu querido, me desculpa, mas não tem cabimento isso — respondeu sobre eventual participação
de Lula em suas decisões. E acrescentou: — Não estabeleci nenhum prazo, eu não vou fazer a reforma
imediatamente. Vou fazê-la por partes.
Ao ser perguntada sobre rumores no Palácio do Planalto de um prazo para entrega de cargos até terçafeira, rechaçou:
— Eu não dei prazo nenhum até a terça, e o palácio, companheiro, não fala. Até onde eu sei, o palácio
é integrado por paredes mudas. Só fala sobre reforma ministerial esta modesta que vos fala aqui.
Em entrevista para a jornalista Cristiana Lôbo, da GloboNews, Marta disse por que pediu demissão com
Dilma em viagem.
— Bom, porque eu sou uma mulher independente. Sempre tive isso de determinação e coragem para
fazer o que eu acho que tem que ser feito — afirmou.
Sobre os desejos expressos na carta de demissão de que Dilma fosse “iluminada para escolher uma
equipe econômica que resgatasse a credibilidade e a confiança” do governo, Marta afirmou que o país
enfrenta problemas:
— Eu sou paulista e São Paulo sente as agruras dessas dificuldades econômicas que o Brasil está
vivendo.
Depois de dizer que o PT não está dividido entre “lulismo” e “dilmismo”, Marta garantiu que continuará
apoiando o governo Dilma no Senado.