Atlanta — Os americanos vão às urnas hoje para renovar parte do Congresso, mas poderão ficar até janeiro sem saber partido terá maioria no Senado a partir de 2015. Os principais analistas apostam que a oposição republicana, majoritária na Câmara dos Deputados, terá ambas as casas sob seu controle nos últimos dois anos de Barack Obama na Casa Branca. Mas a disputa é acirrada por ao menos 10 cadeiras no Senado: Alasca, Arkansas, Colorado, Dakota do Sul, Geórgia, Iowa, Kansas, Kentucky, Louisiana, New Hampshire e Carolina do Norte. Na Geórgia e na Louisiana, as leis locais determinam a realização de segundo turno caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos. O mesmo pode ocorrer também em Kansas e Dakota do Sul, onde candidatos independentes embolaram a corrida.

“Não ter maioria na Câmara já é muito difícil para Obama. Perder o Senado o deixaria sem condições de aprovar projetos ou tocar propostas”, ressalta o especialista em estudos norte-americanos Pedro Costa Júnior, das Faculdades Integradas Rio Branco. “Seria um fim de governo semelhante ao de George W. Bush, o que os americanos chamam de ‘pato manco’”, compara.

Dois estados
O Partido Republicano se concentra no objetivo de eleger mais seis senadores, mas as projeções sugerem que, para isso, será crucial o resultado nos dois estados que podem manter o suspense. Na Louisiana, a democrata Mary Landrieu chega às urnas com 48% das intenções de voto, apenas um ponto percentual à frente do republicano Bill Cassidy, segundo pesquisa da consultoria Public Policy Polling. Confirmados esses números, o tira-teima está marcado para dezembro.

Na Geórgia, o segundo turno (se necessário) está agendado para 6 de janeiro. Embora haja empate técnico entre os candidatos, o republicano David Perdue aparece em sondagem da tevê MSNBC com ligeira vantagem sobre a democrata Michelle Nunn, filha do ex-senador Sam Nunn. Perdue tem 48% das intenções de voto, contra 44% da oponente. O fator que pode levá-los ao desempate é a candidata “libertária” (independente) Amanda Swafford, que aparece com 3%.

Esforços finais
Na capital da Geórgia, Atlanta, democratas e republicanos concentram os esforços de última hora em garantir o comparecimento do eleitorado que se declara simpático a um ou outro partido. “Trabalhamos duro para evitar o segundo turno e, mesmo se houver, as preocupações das pessoas continuarão as mesmas”, acredita Corey Boone, presidente dos Jovens Democratas. Boone participa da organização do evento apartidário Rock the Vote, que incentiva o voto juvenil com shows, em todo o país. Em Atlanta, o palco foi dos rappers Young Thug e Rich Homie Quan.

As igrejas protestantes são outro fator político na Geórgia. Com o projeto Souls to the Polls (Almas às urnas, em tradução livre) incentiva os fiéis, na maioria afro-americanos e simpatizantes democratas. “Apenas a participação pode trazer mudanças. Encorajamos as pessoas a irem às urnas e levarem a alma”, afirmou o reverendo Raphael Gamaliel Warnock, durante sermão na Igreja Batista de Ebenezer. Mudança é a palavra-chave também par os republicanos, que mobilizaram voluntários no distrito de Cobb para darem conta de 72 mil ligações diárias para convocar simpatizantes. “Vejo os políticos tomando decisões erradas, e isso é muito frustrante para mim, que tenho três filhos”, explica a massagista Eran Krantz, 31 anos. “Estou fazendo o meu melhor para trazer mudanças.

A repórter viajou a convite do governo dos Estados Unidos.