- BRASÍLIA- A presidente Dilma Rousseff estuda mudar a forma de atuação do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão em seu segundo mandato. No primeiro, a pasta perdeu força e atuou
preponderantemente como um órgão de fiscalização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A
ideia é que o Planejamento volte a ter mais voz na formulação da política econômica e em decisões
estratégicas que hoje estão concentradas no Ministério da Fazenda. Já há uma lista de candidatos a
substitutos da atual ministra, Miriam Belchior. Um deles é o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo,
que já comandou o Planejamento no governo Lula. Outro nome possível seria o do ex-secretárioexecutivo da Fazenda Nelson Barbosa, que também está na bolsa da apostas para a Fazenda.
Segundo fontes do Planalto, Barbosa no Planejamento poderia ser uma forma de equilibrar a visão
desenvolvimentista da presidente Dilma, caso ela decida seguir a sugestão de Lula e colocar Henrique
Meirelles, ex-presidente do Banco Central, na Fazenda. Meirelles tem um perfil mais fiscalista, o que o
mercado avalia que hoje falta ao governo petista.
Outro nome que também surge na lista como azarão para assumir o Planejamento é o de Arno
Augustin. Embora descreditado no mercado em função do péssimo desempenho da política fiscal nos
últimos quatro anos, o secretário do Tesouro é um protegido da presidente, que não quer deixá-lo à deriva
quando acabar o primeiro mandato.
— Ele só fez o que a presidente queria. Ela não vai punilo — disse uma fonte.
MIRIAM COM ATUAÇÃO APAGADA
Nas discussões sobre a composição da equipe econômica do próximo governo, Dilma tem ouvido o
ministro da Fazenda, Guido Mantega, que deixará o cargo em dezembro. Apesar da proximidade com o
presidente Lula, ele é contra a indicação de Meirelles. Segundo pessoas próximas, Mantega defende que o
seu sucessor seja o atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Para Mantega, essa seria uma
vitória pessoal, já que foi ele quem indicou o técnico para o atual cargo. Em contraponto, Mercadante tem
simpatia por Barbosa.
De acordo com interlocutores do Palácio do Planalto, o primeiro passo para essa mudança seria a saída
de Miriam Belchior do comando. Embora seja uma pessoa da confiança da presidente Dilma, a ministra
acabou sobrecarregada com a transferência do PAC da Casa Civil para o Planejamento. Nos bastidores do
governo, assessores avaliam que Miriam, após assumir uma pasta da importância do Planejamento — que
trata de assuntos cruciais como o Plano Plurianual, que estabelece as diretrizes e metas da União por um
período de quatro anos — continuou se comportando apenas como coordenadora do PAC, que foi
esvaziado com o lançamento do Programa de Investimento em Logística (PIL), sob a guarda da Casa Civil.
Segundo técnicos da equipe econômica, Miriam não marca posição e normalmente acompanha o que
diz o secretário do Tesouro, Arno Augustin, nas reuniões da Junta Orçamentária (composta por Casa Civil,
Planejamento e Fazenda). Por isso, interlocutores têm sugerido à presidente que adote um estilo mais
próximo ao que existia no governo Lula. O ex-presidente gostava do embate e de diferentes pontos de
vista antes de decidir sobre assuntos importantes, como a condução da política fiscal.
— Se esse for o caminho, Miriam teria que sair. Hoje não há um equilíbrio de forças entre os
ministérios que formam a Junta Orçamentária — disse um interlocutor do Planalto, lembrando que a
Fazenda tem sido o principal norteador da política econômica.

Isso só mudou um pouco recentemente, depois que Mercadante assumiu a Casa Civil, tornando-se,
assim, outro portavoz da política econômica.