Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS), José Sarney (PMDB-AP) e Casildo Maldaner (PMDB-SC) estão entre os senadores com mais de 10 anos de Casa que não renovaram os mandatos para 2015. Alguns por vontade própria, como Sarney, Maldaner e outros 10 parlamentares que preferiram não disputar as eleições deste ano. Outros cinco — entre eles, Simon e Suplicy — não foram reeleitos. Assim, passado o primeiro turno das eleições, vários desses personagens têm ocupado a tribuna do Senado nos momentos de pouca atividade e baixo quórum para se despedirem da instituição e da vida pública. Alguns chegaram a se emocionar, como Suplicy, que soma mais de 20 anos na Casa. Afinal, o Senado, como definiu o antropólogo, educador e ex-senador Darcy Ribeiro (1922-1997), “(...) é melhor do que o céu, pois nem é preciso morrer para estar nele”.

Simon escolheu a segunda semana após o primeiro turno das eleições para dizer adeus. Era uma quarta-feira, 15 de outubro, na qual se comemorava o Dia do Professor, e o plenário estava praticamente vazio. No microfone, se revezavam os senadores Casildo Maldaner, Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia (PP-RS), que perdeu a disputa pelo governo gaúcho. Derrotado por José Serra (PSDB-SP) dias antes, Suplicy presidia a sessão. “Como para Vossa Excelência, senador, também para mim não vai ser fácil mudar os 30 anos, os 32 anos de convivência nesta Casa”, disse-lhe Simon ao tomar a palavra. Juntos, os dois somam mais de 60 anos de Senado. “Já antes da eleição, eu tinha me despedido, comunicando aos meus irmãos que, aos 84 anos — completando 85 exatamente em 31 de janeiro, quando encerro meus 32 anos de Senador —, acho que a missão nesta Casa estava cumprida”, lembrou Simon.

Após fazer uma retrospectiva da vida política do país no último quarto de século, Simon mandou uma sugestão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Enxugue o seu partido. Faça do seu partido uma grande legenda”. “Eu achava que o MDB era o melhor partido do mundo, que as pessoas eram as melhores que conheci. Quando chegamos ao governo, percebi que o MDB estava cheio de gente tão ruim ou pior do que as outras. O PT também. Você, Lula, deve estar vendo isso agora”, discursou. 

“Gramados”
Uma semana antes de Simon ocupar a tribuna, Suplicy e Maldaner fizeram pronunciamentos de despedida do Senado. A sessão de 7 de outubro, uma terça-feira pós-primeiro turno, era presidida por Jorge Viana (PT-AC), e havia poucos parlamentares presentes. Maldaner levou a esposa, Ivone, e Jandrey, um dos três filhos. Engenheiro mecânico, Jandrey deixou a Alemanha, onde vive, para acompanhar a despedida do pai, que passou os últimos quatro anos como suplente do governador reeleito de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD). “De minha parte, depois de mais de 50 anos de caminhada, digo que deixarei os gramados. Comecei meu primeiro mandato há mais de meio século, em 1962. Eu tinha 20 anos quando fui eleito vereador, indo à Câmara Municipal a cavalo — naquele tempo, era assim mesmo. Deixo os gramados, mas isso não quer dizer que vou colocar pijamas. Repito um dito conhecido aos que me perguntam se vou, agora, descansar: para descansar, a gente tem a eternidade, em que se tem tempo para descansar”, disse Maldaner.

Suplicy, por sua vez, aproveitou um de seus últimos discursos na tribuna do Senado para agradecer os pouco mais de 6 milhões de votos obtidos e para parabenizar a presidente Dilma Rousseff (PT) pela votação no primeiro turno. O parlamentar também comentou a relação com as redes sociais — durante a campanha, ele escrevia as próprias postagens em vez de delegar a função à equipe de comunicação — e defendeu, mais uma vez, o projeto da Renda Básica de Cidadania, talvez sua maior obsessão ao longo da carreira. “Em qualquer circunstância em que eu esteja, vou continuar a batalhar pelos mesmos objetivos, princípios, anseios e valores de construção de um Brasil justo e civilizado, no qual possamos fazer prevalecer não simplesmente a busca do interesse próprio”, discursou.

O caminho de cada um 
Das 27 vagas em disputa no Senado este ano, apenas cinco permaneceram com os atuais titulares, que se reelegeram. 
Confira o destino dos demais: 

Não se reelegeram: 5
» Eduardo Suplicy (PT-SP)
» Gim Argello (PTB-DF)
» Mário Couto (PSDB-PA)
» Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
» Pedro Simon (PMDB-RS)

Não foram candidatos: 11
» Aníbal Diniz (PT-AC)
» Antônio Aureliano (PSDB-MG)
» Casildo Maldaner (PMDB-SC)
» Cícero Lucena (PSDB-PB)
» Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
» Ivonete Dantas (PMDB-RN) 
» Jayme Campos (DEM-MT)
» João Durval (PDT-BA)
» João Vicente Claudino (PTB-PI)
» José Sarney (PMDB-AP)
» Rubem Figueiró (PSDB-MS)

Concorreram a outros cargos: 6
» Alfredo Nascimento (PR-AM)
» Ana Rita (PT-ES)
» Cyro Miranda (PSDB-GO)
» Francisco Dornelles (PP-RJ)
» Inácio Arruda (PCdoB-CE)
» Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)