O ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, principais delatores do escândalo de corrupção da Petrobrás, teriam acusado o atual diretor de Abastecimento da estatal e sucessor de Costa, José Carlos Cosenza, de receber “comissões” de empreiteiras que mantêm contratos com a companhia. A informação foi usada pelo delegado da Polícia Federal Agnaldo Mendonça em interrogatórios com empreiteiros realizados nos últimos dias.  

Dois dias depois, no entanto, a PF admitiu que o nome de Cosenza foi citado indevidamente por delegados da PF em interrogatórios. Ao ser questionada pelo juiz federal Sérgio Moro sobre quais provas existiriam contra Cosenza, a Polícia Federal reconheceu o erro e afirmou que não há evidências sobre a participação do atual diretor sobre sua participação

O policial fez a seguinte pergunta a três executivos de empresas, presos desde sexta-feira sob suspeita de integrar o esquema de desvios na maior estatal brasileira: “Paulo Roberto e Youssef mencionaram o pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobrás para si, para os diretores (Renato) Duque, (Nestor) Cerveró e (José Carlos) Cosenza, e para agentes políticos, confirma?”

Um dos executivos que ouviu a pergunta foi Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão. “Desconheço essa informação. Nunca tive conversa nenhuma com eles nesse sentido”, disse Moraes, que prestou depoimento em Curitiba.

Cosenza era braço direito de Costa na Petrobrás e o substituiu em 2012. Nessa segunda-feira, 17, ele participou de evento de divulgação de resultados da companhia com a presidente da estatal, Graça Foster, e demais dirigentes.

No depoimento, Moraes informou ter conhecido Cosenza antes da troca na Diretoria de Abastecimento. À PF, disse que seus encontros com Costa eram “quase todos” com participação do atual diretor. O executivo disse ter relacionamento “estritamente profissional” com Cosenza.

Moraes afirmou que conhecia Youssef, tendo sido apresentado a ele pelo deputado José Janene (PP), morto em 2010 e também envolvido no esquema do mensalão. Segundo o depoente, o doleiro era responsável por orientar a Queiroz Galvão sobre doações ao partido. Ele afirmou ter sido procurado também pelo tesoureiro do PT, João Vaccari. Destacou que houve apenas doações legais.

A pergunta sobre o pagamento de “comissões” a Cosenza também foi feita pela PF a Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão, e a Newton Prado Júnior e Carlos Eduardo Strauch Albero, ambos da Engevix. Todos disseram desconhecer esquema de pagamento de propina ao atual diretor e negaram participação em irregularidades.

Depoimento. Em nota, Cosenza negou “veementemente as imputações de que tenha recebido ‘comissões’ de empreiteiras contratadas pela Petrobrás”. Ele disse que “jamais teve contato com Alberto Youssef.” O diretor prestou depoimento à CPI Mista da Petrobrás em 29 de outubro e disse nunca ter ouvido falar de desvios ou formação de cartel entre empreiteiras para obtenção de contratos. Cosenza explicou que seu relacionamento com Costa era profissional e que teve poucos contatos com o antecessor após substituí-lo.

Procurada, a Petrobrás não respondeu se abrirá investigação para apurar a suspeita de envolvimento de Cosenza em irregularidades. Também não informou se ele poderá ser afastado.