Em março, três meses antes do início da Copa do Mundo, a Polícia Civil começou a investigar um esquema internacional de venda de ingressos de cortesia, que não podiam ser comercializados. Por meio de escutas telefônicas, agentes descobriram que o grupo responsável pelo plano esperava lucrar mais de R$ 200 milhões durante a competição. Além do inglês Raymond Whelan, diretor-executivo do escritório da Match Services no Rio, foram indiciados o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, apontado como chefe da quadrilha, e outros nove suspeitos, todos brasileiros. No relatório final do inquérito sobre o caso, o delegado Fábio Barucke pediu a prisão preventiva dos 11 acusados. Todos já foram soltos por determinação da Justiça e responderão a processos em liberdade.

A investigação sobre o esquema ilegal de venda de ingressos deu origem à chamada Operação Jules Rimet, que foi deflagrada no dia 1º de julho, com a Copa já em andamento. Na ocasião, a Polícia Civil cumpriu 20 mandados de busca e apreensão. Agentes recolheram planilhas de contabilidade, dólares, reais e euros, celulares, máquinas de cartões de crédito e mais de cem ingressos, incluindo dez que teriam sido fornecidos a um grupo de cambistas ligado ao esquema por um integrante da comissão técnica da seleção brasileira.

O Banco Central e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência monetária do país, foram acionados para colaborar com a investigação, rastreando contas que seriam de Raymond Whelan, Lamine Fofana e de outros sete acusados. Agora, as duas instituições apuram uma suposta prática de lavagem de dinheiro por parte dos suspeitos. Todo o trabalho está sendo acompanhado por delegados do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil.

A Polícia Civil não informou se já conseguiu identificar um fluxo significativo de recursos ou indícios de sonegação fiscal em remessas de dinheiro feitas por alguns dos suspeitos para o exterior. As contas investigadas foram abertas em bancos brasileiros. Agentes ainda estão fazendo transcrições de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça para saber se há outras pessoas ligadas ao esquema ilegal de venda de ingressos. Há suspeitas de participação de um parente de Raymond Whelan, e policiais tentam obter dados relacionados a um braço do grupo que teria a função de gerenciar contas na Suíça.