O Diretório Nacional do PT aprovou ontem documento no qual afirma que qualquer filiado comprovadamente envolvido em corrupção será expulso. O texto não prevê em que momento isso deve acontecer. A versão original estabelecia que a expulsão seria "imediata", mas essa palavra foi retirada ontem da versão aprovada. "Manifestamos a disposição firme e inabalável de apoiar o combate à corrupção. Qualquer filiado que tiver, de forma comprovada, participado de corrupção, deve ser expulso", diz o documento, aprovado em meio às investigações do escândalo de corrupção na Petrobras.
O documento foi proposto pela Mensagem, uma das mais importantes correntes do PT, e aprovado por consenso pelo diretório, reunido em Fortaleza. Apesar da retirada da previsão de expulsão imediata, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que a ideia central permanece. Mas antes das expulsão, todos terão direito a defesa.
- Se há algum envolvimento, quero saber se as denúncias são comprovadas ou não. Todos têm direito a defesa e ao contraditório. Reafirmo que, se alguém estiver envolvido, essas pessoas não ficarão no PT.
No documento, o PT diz "exigir" que as investigações relacionadas à Operação Lava-Jato sejam conduzidas dentro dos marcos legais "e não se prestem a ser instrumentalizadas, de forma fraudulenta, por objetivos partidários". Outro trecho diz:"É inaceitável que a palavra dos delatores, inclusive já condenados outras vezes, seja aceita como verdadeira sem prova documental. A liberdade de expressão não pode ser confundida com o exercício interessado da calúnia e da difamação. Todo acusado, seja de que partido for, deve ter o direito de defesa e ser julgado com o devido processo legal".
Rui Falcão disse ter ido duas vezes ao Supremo Tribunal Federal pedir ao ministro relator da Lava-Jato, Teori Zavascki, acesso aos autos do processo no que se refere ao PT. Segundo Falcão, o ministro ficou de analisar o pedido. O dirigente afirmou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, tem sido vítima de ataques infundados e de forma sistemática.
- Ele (Vaccari) reafirmou publicamente sua inocência, que todos nós já acreditávamos, condenando os ataques infundados que têm sido feitos a ele.
Falcão minimizou as manifestações contra o governo lideradas pelo PSDB, a quem chamou ironicamente de "campeão da luta contra a corrupção".
- (São) pequenos surtos que a gente vê na (Avenida) Paulista. Só uma vez reuniu 10 mil pessoas e se dividiram em grupos, um indo para o quartel do Exército. (*Especial para O GLOBO)