Título: Inadimplência avança
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 18/06/2011, Economia, p. 16

Mesmo atolado em dívidas, o brasileiro não botou um freio na gastança e a inadimplência começa a assustar o comércio. O calote com cheques, que estava em níveis considerados baixos, voltou a subir. Em maio último, segundo dados da Serasa Experian, quase 1,8 milhão foram devolvidos sem fundos ¿ número 11,4% em relação a abril, quando 1,6 milhão não tinham como ser cobertos. Desorganização financeira, endividamento elevado e taxas de juros pesadas, argumentam especialistas, têm sido o combustível da falta de cumprimento.

"O mês das mães foi o mais longo do primeiro semestre e tivemos uma maior compensação de cheques. Por consequência, trouxe maior número de devolvidos", justificou Carlos Henrique Almeida, assessor econômico da Serasa Experian. "Acredito, porém, que pode acontecer mais inadimplência daqui para frente. Tudo vai depender da intensidade da política monetária no segundo semestre e também da forma como o consumidor vai por o pé no freio", concluiu.

Almeida argumentou ainda que pesquisas recentes mostram que, mesmo endividado, brasileiro mantém a intenção de consumo, o que aumenta ainda mais o risco de calote.

O levantamento da Serasa destaca também que enquanto a inadimplência cresce, o uso de cheques encolhe. Em maio, 89,6 milhões foram emitidos no país e, desse total, 2% não tinham fundos. "É uma inadimplência muito alta para cheques", pondera Almeida. Na comparação entre maio de 2011 e o mesmo período do ano passado, essa forma de pagamento encolheu 5%. O calote, no entanto, cresceu: foram 33 mil cheques a mais sem fundos.

Estados do Norte e do Nordeste têm apresentado os piores níveis de não cumprimento das ordens de pagamento. Roraima tem um volume de cheques sem fundos quase 6 vezes maior que a média nacional no acumulado do ano. Enquanto o país tem uma taxa de 1,93%, o estado registrou 11,40%. O segundo lugar ficou com o Maranhão, onde 9,47% de todos os cheques emitidos até maio não tinham como ser cobertos. No terceiro lugar está o Acre, com 7,58%. O Distrito Federal ocupa a 16ª posição no ranking, com 2,82%, pouco acima da média nacional.

Otimismo em SP Satisfeitos com os bons níveis de emprego e de renda, os paulistas estão otimistas com o futuro da economia ¿ é o que se deduz dos dados divulgados ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). Apurado mensalmente, Índice de Confiança do Consumidor (ICC) revela uma discreta melhora da percepção, após três quedas consecutivas. Dessa vez, o indicador bateu os 154,6 pontos, numa escala que vai de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Resultados acima de 100 indicam otimismo. Segundo a entidade, consumidores com renda inferior a dez salários mínimos fizeram a diferença, com um crescimento de 1,22% no nível de confiança.