A cada semana parece mais difícil transformar o déficit comercial - de US$ 2,6 bilhões neste ano, até 9 de novembro - em superávit. A balança comercial caminha para um resultado negativo, a não ser que ocorra uma recuperação imprevisível nas últimas oito semanas do ano. O departamento econômico de um grande banco (Bradesco) já prevê déficit de US$ 2,4 bilhões no ano. Será o primeiro resultado negativo desde 2000.

O déficit do início de novembro foi de US$ 747 milhões. Pelo critério de médias diárias, as exportações recuaram 19,1% em relação a igual período de 2013, lideradas pelos manufaturados (-23,2%). As vendas de produtos básicos caíram 19,5% e as de semimanufaturados, 6,5%. Já as importações aumentaram 3,9% nas mesmas bases de comparação.

A exportação de manufaturados foi afetada pelo item materiais de transporte, como autoveículos, com recuo de 56,1%. Mas também caíram as vendas de óleos combustíveis, de suco de laranja e de aviões.

A média diária de exportações aumentou 5,9% em relação ao mês passado, mas a de importações cresceu muito mais: 17,1%. A Petrobrás foi uma das responsáveis, aumentando de US$ 130 milhões para US$ 206 milhões/dia as importações de combustíveis e lubrificantes. A queda nas cotações do óleo bruto estimulou as importações. Também cresceram as compras de equipamentos elétricos e eletrônicos, de produtos farmacêuticos e siderúrgicos.

A balança comercial brasileira depende ainda mais das commodities - e, comparativamente a novembro do ano passado, recuaram muito as vendas de minérios (-56,2%), de soja (-48,6%) e de açúcar (-26,7%), entre outros itens.

No longo prazo, o Brasil reúne condições muito favoráveis para ampliar a produção agrícola e atender à demanda global de alimentos, ganhando espaço em relação a outros países exportadores. O agronegócio, portanto, tende a continuar dando sustentação à balança comercial, ainda que no curto e ou mesmo no médio prazo o superávit comercial propiciado por essas atividades seja menos expressivo por causa da queda dos preços internacionais.

A balança comercial vinha evitando déficits maiores na conta corrente do balanço de pagamentos, que agora exigem atenção. Contê-los exige mais que dólar mais forte. Investimentos pesados em infraestrutura, tributação mais justa, integração crescente do setor produtivo à economia mundial não podem ser adiados impunemente.