Policiais brasileiros mataram mais, em cinco anos, do que agentes americanos, em 30. Essa é uma das conclusões da 8ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado hoje. Os policiais brasileiros foram responsáveis, em serviço e fora, por 11.197 mortes entre 2009 e 2013, uma média de seis por dia. Nos Estados Unidos, 11.090 morreram em 30 anos, média de uma pessoa por dia. O levantamento mostra ainda que, em 2013, o Rio, apesar de vir reduzindo os seus índices, voltou a ter o maior número de pessoas mortas entre todos os estado do país: 416.
 
No Brasil, ano passado, policiais mataram 2.212 pessoas. O número é 5% inferior às 2.332 vítimas de 2012.
 
- Os dados demonstram que esse problema da letalidade não é uma questão individual do policial, como as autoridades costumam justificar, mas institucional. O Estado precisa dar uma resposta para esse fenômeno - analisa o sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entidade responsável pela elaboração do Anuário.
 
Na avaliação do especialista, o grande número de vítimas dos policiais é consequência da cultura organizacional das polícias brasileiras e da forma como a violência está sendo enfrentada no Brasil. Lima destaca que os dados de 2012 sobre violência policial foram revisados depois da divulgação do Anuário do ano passado, num sinal de que os governos têm se preocupado com a transparência.
 
Rio não divulga ocorrências
 
O Rio teve em 2013 um total de 416 pessoas mortas por policiais civis e militares em serviço. O estado não divulga as ocorrências que envolvem agentes de segurança fora do trabalho, como faz a maioria das unidades da federação do país. Em 2012, o Rio registrou 419 vítimas da polícia. Nos últimos anos, o Rio tem conseguido diminuir essa taxa, que já chegou a 1.330, em 2007. Porém, em 2013, São Paulo, que liderava o ranking em 2012, reduziu em 37,6 % o número de pessoas mortas por seus policiais (de 583 para 364).
 
Por outro lado, no ano passado, os policiais de São Paulo mataram mais fora de serviço. O número passou de 192, em 2012, para 271. A Bahia continua em terceiro lugar no ranking dos estados com mais mortes praticadas por policiais. Em 2013, foram 313 casos (contra 345, em 2012).
 
Em nota, a Secretaria de Segurança do Rio informa que, desde 2008, o primeiro ano de implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), os registros de homicídios decorrentes de intervenção policial diminuíram progressivamente no estado. Cita que, entre 2007 e 2013, a queda desse tipo de ocorrência foi de 68%. E acrescenta que trata como prioridade a redução de indicadores estratégicos de letalidade, como auto de resistência.
 
O Anuário que será divulgado hoje revela ainda que houve um aumento no número de policiais mortos no país. O total chegou a 490, no ano passado, 43 a mais do que o registrado em 2012. Nos últimos cinco anos, foram mortos 1.170 policiais, uma média de 1,34 por dia. O levantamento também informa que 75,3% dos policiais morreram fora de serviço. O estado com maior número de policiais mortos, assim como já havia ocorrido em 2012, foi o Rio (104), seguido por São Paulo (90) e Pará (51).