SÃO PAULO — Mesmo sem conseguirem um acordo pelo reajuste salarial, os funcionários da Embraer em São José dos Campos, no interior de São Paulo, suspenderam a greve nesta segunda-feira. A paralisação durou quatro dias. A decisão foi tomada pela manhã durante assembleia promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos em frente à fábrica da empresa. Segundo Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, presidente do Sindicato, a Embraer “assediou moralmente os empregados” e por isso houve a suspensão da greve. Segundo ele, durante o fim de semana, os trabalhadores receberam ligações da empresa nas quais eram ameaçados de serem demitidos caso não terminassem a paralisação.

— Durante a assembleia os gestores também foram lá assediar os trabalhadores. Foi muito tumultuado — contou Macapá, que disse não descartar a possibilidade de nova greve ser iniciada nos próximos dias.

A Embraer disse repudiar “veementemente esta afirmação (de assédio)”. A empresa complementa, em nota que houve um “movimento ocorrido nas redes sociais” de forma espontânea “por parte dos empregados, que não concordam com as arbitrariedades do sindicato”.

Macapá disse que a negociação sobre o reajuste vai continuar e será discutida junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas, segundo informaram os sindicalistas. Ele explicou que o sindicato vai entrar com ação de dissídio coletivo contra a Embraer para buscar o reajuste salarial de 10% para os trabalhadores, redução da jornada para 40 horas semanais, estabilidade no emprego e o não desconto dos dias parados durante a greve. O caso será protocolado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) 15ª Região, em Campinas.

Os trabalhadores também pleiteiam o comprometimento do governo com a nacionalização dos projetos financiados com recursos públicos. Segundo Macapá, o governo está financiando a criação de empregos fora do país, inclusive para o projeto federal mais ambicioso, o desenvolvimento do avião de transporte militar KC-390, considerado a maior e mais sofisticada aeronave já fabricada no país.

Participaram da assembleia de hoje sete mil trabalhadores. Cerca de 60% dos presentes votaram pela suspensão da paralisação.

O auge da greve ocorreu na última quinta-feira, quando 10 mil empregados aderiram à paralisação, brecando totalmente a unidade de São José da Embraer. A categoria reivindicava aumento de 10% nos salários, além de benefícios como reajuste no convênio médico e redução da jornada de trabalho. A empresa oferecia 7,4%.

Em nota, a Embraer disse que “ainda não é possível avaliar os impactos da paralisação provocada pelo sindicato” e afirma que a greve foi “encerrada”.