BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff convocou, de última hora, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para integrar sua comitiva na reunião do G-20, em Brisbane, na Austrália, nos dias 15 e 16. O voo sairia ontem à noite. Ele estava na Europa e precisou cancelar uma palestra em evento do banco UBS em Londres. A justificativa oficial do governo é que sua ida à reunião do G-20 é natural, já que haverá um encontro dos presidentes dos BCs no evento. No entanto, a ordem da presidente abriu espaço para especulações nos bastidores do governo e no mercado sobre o papel de Tombini no segundo mandato de Dilma, com aposta de que ele poderia até ser o escolhido para ocupar o ministério da Fazenda.

Dilma declarou na semana passada que o anúncio do substituto de Guido Mantega ficaria para depois da reunião do G-20, que acaba no dia 16. Analistas do mercado financeiro viram com surpresa a mudança nos compromissos de Tombini de última hora e avaliam que é sinal de prestígio do presidente do Banco Central junto à presidente. Ou ele foi chamado para discutir nomes para a Fazenda ou para assumir o cargo, concluem.

— Se for isso mesmo, o mercado até pode gostar, mas vai parecer uma solução muito caseira. Sem contar que o (ex-presidente) Lula pode não gostar — avalia um economista do mercado financeiro, sob a condição de anonimato.

APOSTAS PARA A FAZENDA

Tombini é um nome mencionado nos bastidores do governo como parte da equipe do segundo mandato e já foi cotado para a Fazenda. Entretanto, nos últimos dias, as apostas se concentraram nos nomes de Henrique Meirelles, antecessor de Tombini no BC e que conta com a chancela de Lula, e em Nelson Barbosa, ex-secretário executivo da pasta.

Tombini estava na cidade suíça de Basileia na reunião do BC dos BCs. Ao cancelar a ida para Londres, ele delegou a tarefa de discursar no evento do UBS para o diretor da área internacional, Luiz Pereira Awazu, visto dentro do governo como seu sucessor natural.

No Banco Central, também são esperadas mudanças. Três diretores já têm tempo de trabalho para pedir aposentadoria: Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Bancário), Altamir Lopes (Administração) e Luiz Edson Feltrim (Relações Institucionais). A expectativa é que o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, também deixe o cargo.