Arenda real dos servidores públicos e de militares recuou 1,5% entre setembro e outubro. O valor médio nos contracheques diminuiu de R$ 3.611,02 para R$ 3.557,90, conforme revelou a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE). O recuo do salário médio foi puxado pelos resultados negativos nas regiões metropolitanas de São Paulo, Recife e Salvador. Isso porque nessas capitais ingressaram mais servidores e militares.

A técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE Adriana Beringuy explicou que a queda no valor dos contracheques se deve ao fato de que esses profissionais tomam posse com salários mais baixos do que os colegas. “Com um número maior de trabalhadores ganhando menos, o rendimento médio real diminui”, resumiu. 

Só em São Paulo, que concentra quase um terço do total de servidores e de militares das seis regiões pesquisadas, 48 mil profissionais ingressaram na Administração. Em Salvador, 19 mil tomaram posse e, no Recife, 20 mil. No Rio de Janeiro, 13 mil deixaram o serviço público, em Porto Alegre, 11 mil, e em Belo Horizonte, 6 mil. 

A pesar da queda na renda média de servidores e militares, nas demais categorias houve alta nos contracheques. O salário médio dos trabalhadores passou de R$ 2.075,39 em setembro para R$ 2.122,10 em outubro. Em relação a mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 4%. Entre os setores da economia que mais contribuíram para o recuo no desemprego estão o de saúde e de educação, com 61 mil postos criados. O setor de construção civil puxou o indicador, com 55 mil vagas preenchidas. 

Desemprego
Adriana ainda comentou que a taxa geral de desemprego em outubro chegou a 4,7%, o menor patamar para o mês desde o início da série histórica, em 2002. Ela afirmou que o resultado foi puxado pelo elevação de 0,8% no número de pessoas ocupadas. Mas ressaltou que a quantidade de pessoas que procura emprego vem caindo desde setembro de 2013, o que contribui para manter o nível de desocupação em patamares historicamente baixos.

O economista-chefe da Opus Investimentos, José Marcio Camargo, calculou que, se a quantidade de brasileiros em busca de um emprego se mantivesse estável desde novembro de 2012, a taxa de desemprego chegaria a 8,18%. Ele detalhou que, com o baixo crescimento da economia, a abertura de vagas tem minguado, e a baixa oferta de mão de obra também tem impedido os empresários de demitir. “Os salários continuam em alta porque não há pressões, mas sim políticas de retenção”, comentou. 

Na opinião da economista do Banco ABC Brasil Mariana Hauer, mesmo com a baixa atividade econômica, não há indícios de uma tendência de alta do desemprego. Ela avalia que o número de pessoas ocupadas teve alta nos últimos dois meses e o rendimento médio dos trabalhadores continua em alta. “Também não me parece que a quantidade de pessoas que procura uma vaga vai disparar no curto prazo. Qualquer previsão seria precipitada”, ponderou. 

“O baixo crescimento da população ocupada e a perspectiva de um mercado de trabalho menos apertado à frente devem contribuir para uma desaceleração da massa salarial real”, acrescentou Rodrigo Miyamoto, economista do Itaú Unibanco.