A Polícia Federal comemorou aniversário da proclamação da República prendendo altos executivos das maiores empreiteiras do país. Além dos suspeitos corruptores envolvidos no escândalo da Petrobras, foi também preso mais um ex-diretor da estatal ligado a partidos situacionistas.

“Hoje é um dia republicano”, celebrou o procurador Carlos Lima na nova fase da Operação Lava-Jato. As investigações desvendaram bilionário esquema de corrupção sistêmica promovido por empreiteiras, diretores da estatal e políticos da base do governo. Teriam sido traficados em propinas 100 vezes mais recursos do que no escândalo do mensalão.

As instituições são nossa única defesa como cidadãos de uma sociedade aberta em construção. Estamos assistindo a um grande despertar institucional, lento mas irreversível. O impeachment de Collor teria sido o momento de afirmação do Congresso, com a demarcação da independência do Poder Legislativo.

Da mesma forma que o Supremo Tribunal Federal, sob a presidência do notável Joaquim Barbosa, teria demarcado a independência do Poder Judiciário pela condenação da compra de “governabilidade” pelo Executivo e da venda de “apoio parlamentar” pelo Legislativo. O mesmo despertar ocorreu no Banco Central em seu papel crítico no combate à inflação.

Mas em todos esses episódios teme-se que o bom desempenho de nossas instituições tenha dependido mais de notáveis indivíduos, como Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, do que de uma consolidada tradição institucional.

Por exemplo, o STF agora presidido por Ricardo Lewandowski reafirmará no crime contra a Petrobras a independência do Judiciário proclamada por Barbosa no mensalão? A opinião pública parece acreditar mais no ex-ministro Joaquim Barbosa do que no compromisso institucional do STF com a regeneração de nossas práticas políticas.

O julgamento da História dirá se esses episódios de despertar institucional foram apenas ilusões momentâneas pelo protagonismo de indivíduos excepcionais ou capítulos virtuosos de uma consistente evolução.

A emergência de um Banco Central autônomo, de três poderes independentes e de uma Polícia Federal republicana são sinais de um grande despertar institucional. Uma reforma política seria a melhor celebração dos 30 anos de redemocratização.